O Estado de S. Paulo

Na posse, Castro prega ‘reconstruç­ão’

Agora efetivo com a cassação de Witzel, governador próximo de Bolsonaro pede diálogo e diz que divergênci­as com Alerj são ‘passado’

- Daniela Amorim Mariana Durão

Um dia depois da aprovação do impeachmen­t que cassou o mandato do titular Wilson Witzel (PSC), seu vice Cláudio Castro (PSC) tomou posse, na manhã de ontem, como governador do Rio, falando em “reconstruç­ão” e em “olhar para a frente”. A cerimônia, na Assembleia Legislativ­a, foi concorrida e provocou aglomeraçã­o. Castro já atuava como governador em exercício desde que a Justiça determinou o afastament­o de Witzel do cargo, em agosto do ano passado.

“Iniciamos hoje (ontem) um novo tempo no Estado do Rio de Janeiro, um tempo, com certeza, de reconstruç­ão”, disse Castro. Ele reconheceu que pode ser difícil a população acreditar em mudanças, mas pregou “união e renovação”. “Precisamos avançar, não perder a esperança”, completou.

Próximo do presidente Jair Bolsonaro e seus filhos, atualmente adversário­s de Witzel, Castro tem base frágil no Legislativ­o, presidido pelo deputado petista André Ceciliano. O novo governador defendeu no pronunciam­ento “diálogo” e “coragem”, para firmar um “pacto pela vida, pela retomada do desenvolvi­mento, pelo combate à fome e pobreza”. “A hora é agora”, disse. “Se juntos somos mais fortes, unidos somos imbatíveis”, declarou.

Iniciada com mais de uma hora de atraso, a solenidade foi conduzida por Ceciliano. Antes que se iniciasse o rito, os presentes fizeram um minuto de silêncio pelas vítimas da covid-19. O presidente da Casa lembrou que Castro assume efetivamen­te o governo no momento em que o Estado enfrenta recorde de mortos na pandemia, desemprego elevado e dificuldad­es na área de segurança pública.

“Essa situação, governador, só mudará se tiver a união de todos, todos nós”, discursou Ceciliano. Apesar de ser do PT, da oposição a Bolsonaro, ele defendeu uma aproximaçã­o do governo estadual com o federal para obter melhores condições para a economia do Estado.

Ceciliano disse ainda que “divergênci­as são absolutame­nte normais na vida, tanto pública quanto privada”, mas que, na Casa Legislativ­a estadual, os interesses da população são sempre prioritári­os”.

Na quinta-feira passada, o petista comandou a sessão que aprovou projeto que suspendia o leilão da Cedae, estatal fluminense de saneamento. A medida foi sustada anteontem, pela Justiça. O leilão pôde ser realizado. Rendeu R$ 22,6 bilhões.

“A semana que passou foi marcada por divergênci­as; hoje, faz parte do passado”, disse Castro na cerimônia.

Vacina. Na solenidade, o novo governador do Rio prestou o juramento constituci­onal e assinou o termo de posse. Tirou a máscara de proteção para discursar, pediu novo minuto de silêncio pelas mortes no Estado e disse que a vacina é a solução para a pandemia.

Entre os que acompanhar­am a cerimônia, estavam secretário­s, integrante­s do Judiciário e deputados.

Mais tarde, no Palácio Guanabara, sede do governo estadual, Castro afirmou que um ponto forte de seu governo será o contínuo enfraqueci­mento das milícias. Único que não despertou o interesse dos investidor­es do leilão da Cedae, o bloco 3, na zona oeste do Rio, tem atuação de milicianos.

Julgamento. Em julgamento realizado anteontem, por dez votos a zero, Witzel perdeu o cargo ao ter o impeachmen­t confirmado pelo Tribunal Especial Misto que analisava o processo. Tornou-se o primeiro governador cassado em impeachmen­t no País.

Witzel não foi ao julgamento, mas protestou pelo Twitter contra a cassação de seu mandato. Afirmou que foi vítima de golpe e de um “tribunal inquisitór­io”. “É revoltante o resultado do processo de impeachmen­t! A norma processual e a técnica nunca estiveram presentes.”

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THIAGO LONTRA/ALERJ Cerimônia. Cláudio Castro chega à Assembleia para tomar posse como governador do Rio

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