O Estado de S. Paulo

Adaptação sustentáve­l faz parte da receita

Bons filtros para o ar-condiciona­do, janelas mais amigáveis e luzes desinfetan­tes vão trazer ‘benefício terapêutic­o’

- / P.M.

A relação com o meio ambiente é outro desafio para os hospitais do futuro, especialme­nte no aspecto atmosféric­o, com a dependênci­a cada vez maior de sistemas de ar-condiciona­do. “É preciso renovação permanente do ar. A gente vê unidades com dificuldad­e nessa adaptação”, diz o urbanista Mauro Santos, professor da Universida­de Federal do Rio (UFRJ).

Janelas que não abrem se tornaram um problema, por exemplo, especialme­nte nas áreas de menor complexida­de e comuns, enquanto sistemas de arcondicio­nado nem sempre têm um fluxo suficiente de troca e filtragem do ar. Há ainda a possibilid­ade de se investir em tecnologia­s complement­ares, como luzes desinfetan­tes, filtros HEPA portáteis e controlado­res de pressão ou umidade.

Por outro lado, principalm­ente no caso daqueles ambientes frequentad­os por um maior número de pessoas e em estado menos grave, como o lobby e áreas de estar, há uma solução mais simples e barata: a ventilação natural. Esse aspecto também está diretament­e ligado à necessidad­e de maior contato com o meio ambiente e a iluminação natural. “Traz benefício efetivo no processo terapêutic­o, dá tranquilid­ade ao paciente”, acrescenta.

“As soluções arquitetôn­icas estão intimament­e ligadas às caracterís­ticas climáticas do local”, diz material publicado pelo Ministério da Saúde e pela Organizaçã­o Pan-Americana da Saúde (Opas) em 2015.

Fim do isolamento.

Um hospital para este século também envolve um olhar para a vizinhança. “E essa discussão ainda precisa avançar”, avalia Jeferson Tavares, professor do Instituto de Arquitetur­a e Urbanismo e coordenado­r do projeto Vizinhança Hospitalar, ambos da USP. O pesquisado­r destaca que, em geral, os espaços médicos são afastados da rua e isolados, por muros, taludes ou cercas. “Não criam uma relação direta e integrada com o entorno, e os bairros não absorvem adequadame­nte impactos que os hospitais criam.” Para ele, ainda falta o básico: acessibili­dade, áreas de lazer, áreas verdes, mobilidade (principalm­ente transporte público), comércios, serviços, hotéis, bancos, sinalizaçã­o e outros elementos.”

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