O Estado de S. Paulo

‘FUI A 1ª NA UNIVERSIDA­DE PÚBLICA’

- ”/J.M.

Na sala do vestibular, Luiza Lopes, de 18 anos, lembra de ter desejado boa sorte, em pensamento, aos candidatos. “Todos ali eram guerreiros, conseguira­m fazer uma prova em condições péssimas no meio da pandemia.” Em ano de abstenção recorde e dificuldad­es de preparação, ela se sentia privilegia­da por ter notebook e espaço para estudar.

Foram horas trancafiad­a no quarto. De dia, eram as matérias da escola. À noite, o vestibular. Aos sábados, tinha aulas online em um cursinho popular e, aos domingos, simulados. O resultado veio com aprovações, que ela atribui ao esforço pessoal e a oportunida­des. Bolsista do Ismart, entidade de apoio a jovens talentos, ela tinha até orientação sobre como organizar as tarefas. Já nas escolas públicas que frequentou, na zona leste paulistana, via pouco incentivo ao planejamen­to da carreira.

Com aulas online na pandemia, o emocional às vezes pesava. “Nem sempre estava bem. Tinha dias em que não conseguia ficar no quarto.” Após a maratona de provas, colheu, aos poucos, aprovações. Luiza passou em duas faculdades particular­es e duas públicas. Escolheu estudar Sistemas de Informação na Universida­de Estadual de Campinas (Unicamp).

“Fui a primeira da família a entrar em universida­de pública. Muitos nem tentam, dizendo que não têm chance e isso é triste.” No curso, vê ainda poucas “Luizas” – a maioria são meninos brancos – e já pensa na próxima meta. “Quero promover igualdade na área de tecnologia.

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