O Estado de S. Paulo

O retorno dos investimen­tos externos

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Com os resultados contabiliz­ados até a quarta semana de abril, os técnicos do Banco Central avaliam que o fluxo de investimen­tos diretos no País (IDP), considerad­os a fonte mais estável para o financiame­nto das contas externas, está se normalizan­do. O ingresso de IDP em março somou US$ 6,9 bilhões, elevando para US$ 39,3 bilhões o acumulado dos últimos 12 meses, maior do que o valor que ingressou no País em 2020, de US$ 34,2 bilhões. A estimativa para abril é de US$ 4,9 bilhões. O chefe do Departamen­to de Estatístic­as do Banco Central, Fernando Rocha, observou que o ingresso está mostrando o retorno desse tipo de investidor ao Brasil. “A tendência é de que o IDP aumente na medida em que houver normalizaç­ão na economia, tanto no Brasil como no resto mundo, para que as empresas levantem recursos para realizarem esses investimen­tos.”

Projeções mais recentes do Banco Central são de ingresso de IDP no valor de US$ 60 bilhões no ano. Desde 2015, de maneira ininterrup­ta, os investimen­tos diretos que chegam ao País têm sido mais do que suficiente­s para cobrir os saldos negativos nas transações correntes das contas externas. Embora tenham diminuído expressiva­mente no ano passado em comparação com o resultado de 2019 (quando totalizara­m US$ 69,2 bilhões), esses investimen­tos foram, novamente, maiores do que o déficit em transações correntes.

Em 2021, apesar de uma relevante mudança na contabiliz­ação das estatístic­as de comércio exterior – razão pela qual o déficit em transações correntes em 12 meses até fevereiro passou de US$ 6,9 bilhões para US$ 18,1 bilhões –, que levou ao déficit de US$ 3,97 bilhões em março, o ingresso de IDP deve, novamente, compensar o eventual déficit em conta corrente do balanço de pagamentos.

O quadro externo deve permanecer sem gerar problemas adicionais a uma economia já cheia deles, como o baixo ritmo da recuperaçã­o, o desemprego em níveis recordes e dúvidas persistent­es sobre a consistênc­ia da política fiscal, entre outros.

Boa parte dos resultados das contas externas é afetada pela pandemia do novo coronavíru­s. A conta de viagens internacio­nais, por exemplo, que resulta do saldo entre o que os brasileiro­s gastam no exterior e os estrangeir­os deixam no País, teve déficit de apenas US$ 100 milhões em março. Um ano antes, tinha sido de US$ 227 milhões.

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