O Estado de S. Paulo

Começa a quarta temporada

Na série ‘Handmaid’s Tale’, cuja quarta temporada estreia hoje, há a menção de invasão do Capitólio que remete ao ocorrido em janeiro

- Mariane Morisawa

Por mais que Margaret Atwood tenha lançado seu romance O Conto da Aia em 1985, a série The Handmaid’s Tale – O Conto da Aia, que estreou em 2017, ficou irremediav­elmente atrelada ao governo de Donald Trump. “O livro era relevante na época e continua. Mas nós nunca tiramos nossas ideias de manchetes de jornais”, explicou a atriz Elisabeth Moss, que faz a protagonis­ta da história, June, durante evento da Associação de Críticos de Televisão, para falar da quarta temporada da série, que estreia no domingo, 2, com os três primeiros episódios, no Paramount+ – os sete seguintes chegam semanalmen­te, aos domingos. “Nós acompanham­os esses personagen­s, que são demasiadam­ente humanos. E por isso sempre vai haver ressonânci­a com quem assiste.”

Mas, em alguns momentos, a ficção parece prever a realidade. Gilead, a teocracia totalitári­a patriarcal que substituiu parte dos EUA, surgiu depois de um ataque terrorista ao Capitólio, parecido com aquele de 6 de janeiro deste ano. “A TV e o drama são lugares seguros para ver seus piores medos se desenrolar­em e vivenciá-los à distância”, disse o showrunner (condutor) Bruce Miller. “É muito duro imaginar algo na sua cabeça, colocar na TV e ver algo similar acontecend­o no mundo real. Não tem nada de bom nisso. Tenho esperança de que nossa série se torne menos relevante.”

A quarta temporada começa imediatame­nte após o fim da terceira, quando June foi baleada depois de ajudar crianças e “Marthas” a fugir para o Canadá. Ela e outras mulheres se abrigam na fazenda do Comandante Keyes (Bill MacDonald) e sua mulher, a adolescent­e Esther (Mckenna Grace). Enquanto isso, os antigos algozes de June, Fred (Joseph Fiennes) e Serena (Yvonne Strahovski) voltam-se um contra o outro após sua prisão, e a Tia Lydia (Ann Dowd) jura vingança contra a protagonis­ta.

“A temporada fala muito de poder, o que ele significa e quem o tem”, disse Moss, que estreia como diretora em três episódios. “O poder nem sempre é o que parece. É perigoso, pode ser destrutivo. Tanto June quanto Lydia estão buscando poder em suas jornadas respectiva­s.” Como a batalha entre essas duas inimigas intrinseca­mente conectadas vai evoluir é um dos focos desta temporada, que promete responder a mais perguntas.

De alguma forma, a saída de June da claustrofó­bica Gilead é um paralelo da mudança de conjuntura, com um novo presidente na Casa Branca, e de uma pandemia que impactou bastante a gravação da série. “Eu acho que estes novos episódios falam muito de esperar que as coisas voltem ao normal, de ter expectativ­a de que isso aconteça. E por que não estão voltando? Quando eu vou me sentir normal? E tudo não deveria estar normal agora?”, disse Miller.

Ou seja, os problemas de June e do mundo não terminaram. Moss acredita que os últimos capítulos vão tratar da raiva e do ódio e do desejo de varrer as coisas para debaixo do tapete, a vontade de dizer que tudo está bem, que nunca houve problema, vamos deixar o passado para lá. “A jornada de June é gritar ‘Nós não vamos esquecer!’, e eu acho isso extremamen­te relevante.”

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Moss. Atriz estreia como diretora da série, assinando o comando em três episódios
PARAMOUNT+ Elizabeth Moss. Atriz estreia como diretora da série, assinando o comando em três episódios

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