Acordos de paz da era Trump agora são questionados
Vídeos registrados em Jerusalém Oriental que mostram a polícia israelense prendendo violentamente manifestantes uniram o mundo árabe, evocando tanto a solidariedade quanto uma antiga raiva contra a injustiça, a expropriação e a discriminação.
O derramamento de sangue trouxe à tona novas dúvidas a respeito do custo dos pactos diplomáticos assinados pelos Emirados Árabes Unidos e outros países, conhecidos como Acordos de Abraão, e coloca em dúvida a disposição de outros Estados árabes, como Arábia Saudita, de assinar pactos similares com Israel.
Os proponentes dos acordos prometeram que conduziriam uma nova era de paz no Oriente Médio. Em vez disso, a região ferveu em protestos nos últimos dias. Essa fúria, afirmaram analistas, abala profundamente uma pressuposição central aos acordos: de que o mundo árabe não se importava mais com o sofrimento dos palestinos e estava tranquilo em permitir que seus governos aceitassem Israel com base em outros interesses mútuos.
Os acordos, assinados no ano passado, durante o governo Donald Trump, foram “fundamentados por uma percepção de que os palestinos não estavam se mobilizando”, o que permitiu aos signatários estabelecer pactos que, não fosse por isso, teriam desencadeado indignação pública, afirmou Tareq Baconi, analista do International Crisis Group. “Mas agora os palestinos estão se mobilizando.”
Como resultado, demonstrações de solidariedade aos palestinos ocorreram em todo o mundo árabe, incluindo no Bahrein e no Marrocos, dois países que também assinaram os acordos diplomáticos com Israel.
Críticos notaram que alguns dos acordos foram negociados por governos autoritários que não representam a vontade de seus cidadãos e foram concluídos somente após incentivos dos americanos que alguns qualificaram como propinas.