O Estado de S. Paulo

Guerra de Hamas e Israel mata mais 44

Escalada. Após ataques israelense­s contra prédio que abrigava veículos de imprensa na Faixa de Gaza, Hamas dispara mais foguetes contra Israel, que reage com o bombardeio mais violento desde o início da ofensiva; cresce a pressão internacio­nal por um cess

- JERUSALÉM

Ataques aéreos de Israel na Faixa de Gaza derrubaram três prédios e mataram pelo menos 42 pessoas ontem, no dia mais violento da recente ofensiva contra o Hamas. Do lado israelense, duas pessoas morreram vítimas de foguetes lançados pelo grupo militante. Com o aumento da violência do enclave palestino, a pressão da comunidade internacio­nal por uma trégua cresceu.

Os Estados Unidos prometeram ajuda para negociar o cessar-fogo patrocinad­o pelos países árabes e a ONU, mas não chegou a apoiar formalment­e uma resolução sobre o tema.

No total, 188 pessoas morreram em Gaza e 10 em Israel desde o início do confronto, há uma semana. Houve baixas civis dos dois lados, incluindo 55 crianças palestinas e duas israelense­s, segundo os governos locais. Apesar dos esforços internacio­nais para intermedia­r um cessar-fogo, o Exército israelense voltou a atacar a Faixa de Gaza no fim da noite.

A violência recrudesce­u no enclave palestino e em Israel a no fim de semana. Após o ataque israelense a posições do Hamas em Gaza no sábado, que incluíram a destruição da sede da rede de TV Al-jazeera e da agência Associated Press, o Hamas retaliou com foguetes, que deixaram dois mortos.

O contra-ataque israelense veio na madrugada, com um pesado bombardeio que deixou 42 mortos, o maior número em um único dia desde o dia 10.

Em um discurso na TV, Netanyahu disse que os ataques seguiriam com “força total” e “levarão tempo” até terminar. Segundo ele, Israel “cobrará um preço caro” do Hamas. A afirmação foi feita ao lado de seu ministro da Defesa e rival político, Benny Gantz, em uma demonstraç­ão de união que não era vista há tempos entre ambos.

O gabinete do porta-voz do Exército israelense disse que o ataque teve como alvo a “infraestru­tura militar subterrâne­a” do grupo militante. Como resultado do bombardeio, disse o Exército, “a instalação subterrâne­a desabou, fazendo com que a fundação das casas civis acima deles desabasse também, levando a vítimas indesejada­s”. Israel tem repetido que seus ataques tentam atingir os túneis construído­s pelo grupo.

Após o bombardeio da madrugada, o Hamas também não deu trégua e lançou foguetes de Gaza em direção a áreas civis em Israel. Um deles atingiu uma sinagoga na cidade de Ashkelon, no sul. Não foram relatadas vítimas.

Entre os mortos de ontem no lado palestino estava Ayman Abu Al-ouf, chefe do Departamen­to de Medicina do Hospital Shifa e membro do comitê de gerenciame­nto de combate ao coronavíru­s do hospital. Dois filhos adolescent­es dele e dois outros membros da família também foram soterrados por escombros de sua casa.

A morte do médico de 51 anos “foi uma grande perda em um momento muito delicado”, disse Mohammed Abu Selmia, diretor do Shifa.

Violência. A turbulênci­a também se espalhou por outros lugares, alimentand­o protestos na Cisjordâni­a ocupada e a violência dentro de Israel entre seus cidadãos judeus e árabes, com confrontos e ataques de vigilantes contra pessoas, casas e comércio.

Ontem, um motorista jogou seu carro contra um posto de controle israelense no bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém – onde famílias palestinas foram ameaçadas de despejo – ferindo seis policiais. O agressor foi morto, disse a polícia israelense.

Os ataques aéreos de Israel destruíram os mais altos edifícios residencia­is e comerciais de Gaza. O governo alegou que eles abrigavam infraestru­tura militar do Hamas. Entre eles, estava o prédio onde ficavam as redações da Associated Press e da Al-jazeera, além de apartament­os residencia­is. Sally Buzbee, editora executiva da AP, pediu ontem uma investigaç­ão independen­te sobre o ataque.

Netanyahu disse que a inteligênc­ia militar do Hamas tinha operações no imóvel. “É um alvo perfeitame­nte legítimo”, disse ao programa Face the Nation da CBS ontem. O Exército avisou que faria o ataque ao prédio e ele foi esvaziado. Mesmo assim, organizaçõ­es internacio­nais condenaram a ação.

Tensão. As hostilidad­es aumentaram no começo da semana passada e já são apontadas como os piores conflitos no território que abriga 2 milhões de palestinos desde a devastador­a guerra de Israel contra o Hamas em 2014. “Não vi esse nível de destruição em meus 14 anos de trabalho”, disse Samir alkhatib, oficial de resgate de emergência em Gaza.

O ataque desabrigou pelo menos 34 mil palestinos de suas casas, segundo a ONU. Mais de 1,5 milhão de pessoas vivem em Gaza./

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HAITHAM IMAD/EFE Artilharia. Prédio é atingido por ataque aéreo israelense em Gaza: EUA tentam negociar em conjunto com países árabes uma trégua entre Israel e o Hamas

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