O Estado de S. Paulo

‘Herdeiro’, Ricardo Nunes fala em continuida­de

Ao assumir gestão de forma definitiva para 3 anos e 7 meses de mandato, prefeito diz que mantém equipe e diretrizes definidas por Covas

- Adriana Ferraz Lauriberto Pompeu

Ao assumir o comando da cidade de forma definitiva menos de cinco meses após a posse como vice, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) terá pela frente três anos e sete meses para criar e apresentar à população seu modo de governar. Sem pressa, segundo ele. A única meta definida neste momento é a de não promover grandes mudanças na equipe nem nos projetos em andamento.

Ao Estadão, Nunes reforçou que vai dar continuida­de à gestão de Bruno Covas. “A eleição PSDB/MDB, liderada pelo Bruno, apresentou as nossas propostas para cidade e vou somente dar continuida­de. Trabalhar muito, junto à nossa equipe, para honrar a memória do Bruno, nosso grande líder. Força, Foco e Fé”, ressaltou Nunes, citando o slogan eleitoral que virou marca do tucano.

Assim como os auxiliares mais próximos, Nunes, que é ex-vereador, sabia que Covas (PSDB) havia entrado na fase de tratamento paliativo contra o câncer. Não se falava mais em cura, mas em sobrevida. O avanço rápido da doença nas últimas semanas, no entanto, pegou todos de surpresa e acelerou o processo de transição.

Respeitado na Câmara Municipal, onde cumpriu dois mandatos, mas classifica­do como “inexperien­te” para a nova função, Nunes diz ter como “trunfo” o conhecimen­to, em detalhes, das contas municipais. Quando parlamenta­r, participou da elaboração de sete das oito leis orçamentár­ias aprovadas no período, além de CPIS com foco fiscal.

Considerad­o conservado­r e mais à direita no espectro político do que Covas, o novo prefeito pretende em forte ligação com a Igreja Católica. A proximidad­e deve ajudar na construção de parcerias que pretende firmar com entidades religiosas para convencer usuários da cracolândi­a a aceitar tratamento e moradores de rua a desmontar suas tendas e procurar abrigo em albergues da cidade.

Na condução de medidas relacionad­as à pandemia, a expectativ­a é a de seguir os critérios técnicos utilizados até aqui para liberar ou não mais alunos nas salas de aula ou ampliar a ocupação do comércio, por exemplo.

E, assim como seus antecessor­es, deve seguir a política de regulariza­r imóveis e manter a isenção de tributos municipais a igrejas e a oferta de descontos a empresário­s em débito com o município. Outra “caracterís­tica” que não deve mudar é o loteamento das subprefeit­uras por ex-colegas vereadores – o próprio Nunes exerce influência sobre a regional de Santo Amaro, seu reduto eleitoral, desde a gestão de Fernando Haddad (PT).

Durante a campanha, no entanto, a influência política e o conhecimen­to fiscal perderam espaço para a notícia de que a mulher de Nunes registrou um boletim de ocorrência por agressão e ameaça, em 2011, e o vice passou a ser questionad­o e até mesmo escondido em entrevista­s e debates.

Ao Estadão, o agora prefeito disse que sua mulher afirma não ter registrado tal boletim. “Ela até contratou um advogado para procurar esse documento e ele simplesmen­te não existe. Eu amo a minha mulher, estamos juntos há 23 anos. Nunca fiz qualquer agressão. Foi coisa de campanha isso.”

Oposição. Na Câmara, a perspectiv­a segue a mesma: assim como a gestão Covas, a administra­ção Nunes terá de negociar projeto a projeto mas, desta vez, com vereadores petistas possivelme­nte menos aguerridos na oposição. Isso porque até 2016, quando João Doria (PSDB) tornou-se prefeito, PT e MDB eram aliados na Casa.

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MARCELO CHELLO / ESTADÃO Posição. Nunes é considerad­o conservado­r e mais à direita no espectro político do que Covas

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