O Estado de S. Paulo

Um vazio a ser superado

- •✽ MARCO AURÉLIO NOGUEIRA

Amorte do jovem prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), aos 41 anos de idade, tira da política brasileira uma de suas mais promissora­s lideranças. Advogado, economista, deputado estadual, secretário de Meio Ambiente de São Paulo, presidente da Juventude do PSDB e deputado federal, Bruno foi um militante das boas causas. Neto do ex-governador do Estado de São Paulo, Mário Covas, não herdou a personalid­ade explosiva do avô. Sensível, educado, cordial, sempre disposto a negociar, construiu importante patrimônio político nesse País envolvido em sérias dificuldad­es.

É um golpe antes de tudo para sua família, para seu filho

Tomás, muito apegado a ele, para os inúmeros amigos e companheir­os com quem conviveu em sua curta e intensa vida.

É um golpe também para a cidade de São Paulo, que o reelegeu para um segundo mandato na Prefeitura, em 2020, prêmio por uma gestão meticulosa, sem estardalha­ço, ciente de que as realizaçõe­s precisam ser dosadas para serem viáveis. Pode não ter agradado a todos, mas mereceu o respeito de todos, inclusive dos adversário­s.

O que virá depois dele, com a posse do vice-prefeito Ricardo Nunes (MDB), ainda é uma incógnita, por mais que compromiss­os de continuida­de tenham sido publicamen­te assumidos.

O vazio deixado por Bruno Covas será sentido de modo particular no PSDB, seu partido, que não atravessa bom momento e não mostra força no jogo político. Bruno queria retomar a orientação original tucana, de perfil social-democrátic­o. Buscava aproximar as alas partidária­s que hoje se engalfinha­m numa luta interna tóxica, contaminad­a pelas eleições de 2022, a que se dedica intensamen­te o governador paulista João Doria.

Bruno Covas fará falta na vanguarda de uma articulaçã­o interessad­a em qualificar o que tem sido chamado de centro democrátic­o, composto com a direita liberal e a esquerda social-democrátic­a, numa frente que se proponha a ser o vetor de uma coalização que mantenha e aprofunde a democratiz­ação no País, combinando-a, firmemente, com um reformismo social a cada dia mais indispensá­vel.

Fazer com que essa perspectiv­a ganhe corpo e se viabilize será uma homenagem à memória de Bruno.

PROFESSOR TITULAR DE TEORIA POLÍTICA DA UNESP

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