O Estado de S. Paulo

Alckmin relembra perda de Mário Covas há 20 anos

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O ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) reviveu ontem o luto de perder um Covas e, ao mesmo tempo, a responsabi­lidade de assumir o comando do Estado. Em 2001, assim como ocorre agora com o prefeito Ricardo Nunes (MDB), o tucano passou de vice a titular também por causa de um câncer. “Depois disso, ao governar, sempre pensava o que ele faria em meu lugar.”

Mas, se há semelhança­s nas trajetória­s de Alckmin e Nunes, há diferenças significat­ivas. O tucano cita talvez a principal: “Fui seis anos copiloto de Mário Covas.” Outra diz respeito à formação “chapa pura” do governo. Ambos eram do PSDB, ou seja, o poder não mudou de partido. Além disso, Alckmin já havia sido prefeito e deputado.

Um dos poucos participan­tes da missa de corpo presente celebrada na sede da Prefeitura, Alckmin também se recordou da fé que envolveu a doença de Mário Covas e também do neto. “Estive com Bruno há poucas semanas. Assim como o avô, nunca o vi reclamando da doença, do sofrimento. Muito impression­ante pra mim essa resignação que os dois tiveram diante dos desígnios de Deus.”

O ex-governador ainda conta que a missa foi celebrada pelo mesmo sacerdote que acompanhou a família durante a doença de Mário Covas: o padre espanhol Rosalvino Morán Viñayo, um dos responsáve­is pela Obra Social Dom Bosco, na zona leste. “Ele chegou a caminhar até Aparecida

do Norte para pedir pela saúde de Mário Covas. É muito próximo de todos, dá conforto. Bruno mostrou que era um homem de fé, não merecia isso.”

Para Alckmin, o legado público de Bruno foi a coragem, a determinaç­ão em enfrentar a doença sem nunca se deixar desanimar. E a transparên­cia. “Desde o primeiro momento ele informou a população não só sobre a doença, mas sobre toda a sua evolução”, afirma.

O tucano também elogiou a proximidad­e com o filho. “Ficou certamente para o Tomás o exemplo de bom pai. Sabe que um dia o visitei na Prefeitura e ele fez questão de abrir a porta da sala ao lado para me mostrar Tomás, que estava ali ao lado, estudando. Eles eram grudados, amigos mesmo, uma relação muito forte”, diz.

Diante da polarizaçã­o política cada vez mais acentuada no País, Alckmin ainda ressalta que Bruno mostrava que era possível fazer política sem vale tudo.”/a.f.

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