O Estado de S. Paulo

‘Não deixaremos de atender fisicament­e nos fóruns’

- Geraldo Francisco Pinheiro Franco, presidente do TJ-SP / M.G.

Presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, o desembarga­dor Geraldo Francisco Pinheiro Franco lidera a adoção de teletrabal­ho na Corte e diz que sua manutenção após a pandemia não distanciar­á a população da Justiça.

• O que os levou a manter o trabalho remoto após a pandemia? Entendemos que isso funcionava bem em todos os aspectos, do trabalho, do conforto para magistrado­s e servidores, da economia orçamentár­ia, decidimos dar um novo passo. Estabelece­mos

o teletrabal­ho para as unidades administra­tivas. Em 120 dias, 70% dos servidores do tribunal vão trabalhar remotament­e. Estendemos a medida para magistrado­s e servidores. Para estes, ele será de até 50%, pois não podemos deixar de atender fisicament­e nos fóruns e no tribunal. Não podemos abrir mão do contato com o cidadão e com os advogados.

• Como funcionará o sistema? Ela terá caráter facultativ­o e estamos tentando promover mecanismos de motivação e comprometi­mento com metas. Uma delas é aumentar a produtivid­ade do magistrado. Não perder duas horas no trânsito indo e voltando para o fórum permitirá ter mais tempo para estudar as causas.

• A advocacia tem preocupaçõ­es sobre o trabalho remoto.

Os advogados reclamam de alguma dificuldad­e de acesso aos magistrado­s. Nesse tempo, estabelece­mos um acesso objetivo. O advogado quer falar com o magistrado? Manda um e-mail e o magistrado ou o assessor marca um horário – se for urgente no mesmo dia. Funciona bem em um porcentual muito alto. Em alguns momentos não funciona e precisamos aperfeiçoa­r. Um dos requisitos para o magistrado permanecer no sistema remoto é o atendiment­o às partes.

• O trabalho das câmaras e do órgão especial também mudou? O trabalho remoto implicou não só nas audiências de primeiro grau, mas também mudou as sessões de julgamento de segundo grau. Hoje 75% dos processos são eletrônico­s. E os 25% restantes – 9 milhões – serão digitaliza­dos em quatro anos. Nas sessões de julgamento em videoconfe­rência, os advogados podem sustentar suas posições. Aumentou o número de sustentaçõ­es orais, pois o advogado que vinha de longe e tinha dificuldad­e econômica passou a ter a possibilid­ade de se apresentar. Isso está funcionand­o muito bem.

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