Oposição a Piñera deve ser maioria em Constituinte
Com 53% das urnas apuradas, a eleição para a Assembleia Constituinte chilena indicava ontem uma maioria de candidatos independentes e de centro-esquerda na redação da nova Carta do país.
A centro-direita deve ter menos assentos do que o esperado, num plenário dominado pela oposição e não terá cadeiras suficientes para barrar propostas que mudem radicalmente a atual Constituição, da época da ditadura de Augusto Pinochet.
Até às 23h horas de ontem, a centro-direita tinha 35 dos 155 assentos na Constituinte, segundo projeção do diário La Tercera, quando esperava eleger pelo menos 52 deputados.
Cindida em duas vertentes – a Apruebo e Apruebo Dignidad – a esquerda somava 51 deputados. Candidatos independentes somavam 43 cadeiras.
Analistas esperavam que a alta abstenção, com a maioria dos eleitores concentrados em bairros de classe média e alta, ainda pudesse favorecer candidatos mais conservadores, mas isso não ocorreu.
No primeiro dia de votação, no sábado, 3 milhões dos 15 milhões de eleitores foram às urnas. Além da eleição dos constituintes, governadores e vereadores foram eleitos ontem. Centenas de milhares de membros do conselho eleitoral removeram das salas fechadas as urnas lacradas com os votos expressos e não utilizados, que foram guardadas pelas Forças Armadas chilenas durante a noite. Até agora, nenhuma irregularidade foi relatada.
A falta de interesse dos eleitores provocou críticas nas redes sociais, já que a assembleia foi convocada após forte mobilização popular em 2019.
A eleição dos constituintes tem vários fatos inéditos no Chile: serão escolhidos de forma equilibrada entre 45% e 55% de candidatos homens e mulheres, 11% são indígenas e 5% pessoas com deficiência. Além disso, pela primeira vez, as eleições ocorreram em dois dias.
No ano passado, os chilenos votaram por uma nova Constituição após violentos protestos de rua contra o governo e por melhores serviços públicos em 2019.