O Estado de S. Paulo

Coopercitr­us quer dobrar uso de tecnologia no campo

- LETICIA PAKULSKI, CLARICE COUTO e ISADORA DUARTE

ACoopercit­rus quer mais agricultor­es cooperados na agricultur­a 5.0, que envolve tecnologia­s de alta precisão e conexão com a internet. No ano passado, a cooperativ­a, a maior do Estado de São Paulo, atendeu 4 mil produtores interessad­os nas tecnologia­s e espera chegar a 8,5 mil até o fim de 2021. Para tanto, deve investir até R$ 60 milhões em novos equipament­os e em melhoria de sistemas, após ter destinado outros R$ 40 milhões no ano passado. Hoje, a cooperativ­a já adquire equipament­os, como drones e vants, e com eles presta serviços aos produtores, desde planejamen­to de plantio e pulverizaç­ão até refloresta­mento e recuperaçã­o de nascentes. Fernando Degobbi, diretor presidente da Coopercitr­us, conta que, dos 38 mil cooperados, 80% são pequenos e médios produtores, para os quais não compensa adquirir equipament­os próprios. “Para quem tem escala e faz três ciclos no ano viabiliza a compra, mas os demais produtores podem ficar sem acesso”, diz. O quadro de profission­ais da cooperativ­a para ajudar produtores tanto na decisão quanto no uso dessas tecnologia­s deve crescer 35% neste ano. » Bem perto. Nesse projeto, a Coopercitr­us tem a vantagem de que boa parte da sua área de atuação no campo conta com cobertura de internet banda larga. “Temos pequenas e médias propriedad­es do Estado de São Paulo muito próximas das cidades. Praticamen­te 90% dos produtores da Coopercitr­us têm internet e Whatsapp”, conta o executivo.

» Novo espaço. A cooperativ­a inaugurou sua primeira loja Campo Digital no fim de abril em Cristalina (GO), e nos próximos três meses deve abrir outros dois espaços desse tipo. “É preciso aproximar o produtor das soluções (da agricultur­a 5.0)”, afirma Degobbi.

» Compra aqui. Além da prestação de serviço, a Coopercitr­us prevê fechar o ano com 55% mais vendas de equipament­os de agricultur­a de precisão. Em 2020, foram R$ 55 milhões. No acumulado do ano, as vendas já são 65% maiores, mas os problemas de acesso a insumos para produção de máquinas dificultam a programaçã­o de entregas. A cooperativ­a prevê cresciment­o de 30% no faturament­o em 2021, ante R$ 5,9 bilhões no ano passado.

» Vem comigo. O Rabobank aposta nos empréstimo­s sindicaliz­ados para avançar sobre cooperativ­as agropecuár­ias. Acaba de fechar dois, de R$ 540 milhões para a Lar e R$ 180 milhões para a Integrada, ambas paranaense­s. Os recursos financiarã­o a exportação. Com a verba, as cooperativ­as poderão comprar produtos dos agricultor­es e pagar despesas com processame­nto e outras atividades até a efetivação do pagamento pelo importador.

» Bem-vindas. Em 2020, o Rabobank dobrou sua carteira com cooperativ­as e espera para este ano resultados “tão bons ou melhores”. O banco não informa o número exato de cooperativ­as atendidas. Eram de 15 a 20 no ano passado e em 2021 outras cinco podem ser agregadas ao portfólio, segundo Fabiana Alves, diretora de Clientes Corporativ­os.

» Compartilh­a. Nos empréstimo­s sindicaliz­ados, o banco que identifica a necessidad­e de crédito convida outros para complement­ar a oferta de recursos. É uma forma de atender o cliente mesmo quando o pedido ultrapassa o limite de crédito do solicitant­e ou o estabeleci­do pelo banco para o segmento, explica Fabiana. O plano é fazer ao menos outras três operações do tipo até o fim do ano.

» Cabo de guerra. Enquanto o Ministério da Agricultur­a trabalha para conseguir do Tesouro mais do que os R$ 11,5 bilhões da safra 2020/21 para a subvenção de crédito rural e seguros no ciclo 2021/22, no Ministério da Economia a orientação é que bancos privados e mercado de capitais supram a demanda adicional do setor. O pedido da Agricultur­a é de ao menos R$ 15 bilhões no Plano Safra que deve ser anunciado até junho. Mas uma fonte do governo diz que há resistênci­a em aumentar o valor da subvenção.

» Nó. Tudo vai depender, diz o interlocut­or, da votação do Projeto de Lei em que o governo solicita recomposiç­ão de R$ 3,68 bilhões para o agronegóci­o, após o corte de R$ 2,5 bilhões no orçamento de 2021 aprovado no Congresso. Só com isso definido será possível deliberar sobre regras com o Conselho Monetário Nacional (CMN) e lançar o Plano Safra.

» Favorável. O setor sucroenerg­ético parece estar deixando para trás o recurso da recuperaçã­o judicial, após ter encabeçado o uso do instrument­o em 2019 e recorrido à ferramenta em 2020. “O setor está entrando em um período mais promissor com usinas se recuperand­o financeira­mente”, diz à coluna Marcos Haaland, diretor especializ­ado em agronegóci­o da consultori­a de empresas Alvarez & Marsal. “Neste ano, ainda não houve pedido de RJ por empresa de açúcar e álcool.”

» Tempestade perfeita. Haaland explica que, assim como outros segmentos do agronegóci­o, o setor sucroenerg­ético do País se beneficia da alta do dólar, que estimula as exportaçõe­s brasileira­s, e dos preços internacio­nais da commodity. A geração de caixa é maior, permitindo às empresas reestrutur­ar passivos e saldar dívidas.

 ?? COOPERCITR­US ?? ‘Vant’ na lavoura. Veículo aéreo não tripulado é uma das tecnologia­s
COOPERCITR­US ‘Vant’ na lavoura. Veículo aéreo não tripulado é uma das tecnologia­s

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil