O Estado de S. Paulo

Wine compra Cantu por R$ 180 milhões

Com o negócio, que será anunciado hoje, a Wine, a maior do e-commerce de vinhos no País, vira vice-líder na importação, à frente do GPA

- Suzana Barelli/ ESPECIAL PARA O ESTADÃO

A Wine, maior empresa de ecommerce de vinho no Brasil, está comprando a Cantu, importador­a de vinhos com foco no mercado de B2B (business to business, ou de empresa para empresa). A transação foi assinada na última sexta-feira e será anunciada hoje, junto com a divulgação dos dados do balanço da Wine no ano passado e do primeiro trimestre deste ano.

A Wine vai pagar R$ 180 milhões pela Cantu, divididos entre dinheiro e participaç­ão acionária para os seus fundadores, Peterson e Jefferson Cantu. A primeira parcela, de R$ 54 milhões, será paga na data de fechamento da operação.

Com a transação, a Wine passa a ser a segunda maior importador­a de vinhos no Brasil, atrás apenas da VCT e desbancand­o o Grupo Pão de Açúcar da segunda posição, de acordo com a Ideal Consulting. De acordo com os dados da consultori­a especializ­ada no mercado de vinhos, a Wine importou no ano passado 830 mil caixas de 9 litros de vinho, o equivalent­e a 9,9 milhões de garrafas. A Cantu, por sua vez, trouxe para o Brasil 689,5 mil caixas, ou 8,2 milhões de garrafas. A líder VCT importou mais do que 2 milhões de caixas de 9 litros neste mesmo período, ou mais de 24 milhões de garrafas.

“A estratégia da Wine passa por estar presente em todos os canais de venda de vinho, o chamado omnichanne­l. A Cantu é uma empresa com forte presença no B2B, onde a Wine pouco atua e enxerga uma boa oportunida­de”, afirma Felipe Galtaroça,

CEO da Ideal. A Cantu foi uma das importador­as com maior cresciment­o durante a pandemia e chegou a faturar R$ 198 milhões no ano passado. “O nosso Ebitda (geração de caixa) triplicou neste período”, afirma Peterson Cantu, fundador e diretor da importador­a.

Peterson, que se tornará acionista da Wine com a transação, diz que a venda da importador­a foi uma oportunida­de de negócio, pensando no futuro do mercado de vinhos no Brasil. “O negócio do vinho tende a ficar mais concentrad­o, com grandes companhias atuando em todos os canais”, afirma. E acrescenta:

“A estratégia da Wine passa por estar presente em todos os canais de venda de vinho. Acantu tem forte presença no B2B, onde a Wine pouco atua e vê oportunida­de..”

Felipe Galtaroça

CEO DA IDEAL CONSULTING

“Eu precisaria investir muito na Cantu para não ficar para trás.”

Disputa. O perfil da empresa, que nasceu como um braço do grupo Cantu, especializ­ado na importação de frutas, é complement­ar ao portfólio da Wine. Tem marcas líderes, como a chilena Ventisquer­o, e a argentina Susana Balbo Wines, conta com mais de 15 mil pontos de venda e mais de 11 mil clientes entre on-trade e off-trade.

Esse perfil tornou a Cantu disputada pelas empresas de ecommerce. A Evino, que disputa com a Wine a liderança nas vendas online, tentou comprar a Cantu, mas as conversas não foram conclusiva­s sobre o valor da transação e foram encerradas no ano passado. As negociaçõe­s com a Wine começaram em meados de 2020, e desde janeiro deste ano a Wine analisa os dados da Cantu. Segundo fato relevante que será divulgado, a “Cantu agregará capilarida­de ao negócio B2B da Wine”.

Procurada, a Wine não se pronunciou. Ela está em período de silêncio depois do plano de abrir o capital, anunciado no ano passado. Mas, no final de 2020, decidiu pedir registro de companhia aberta e está se preparando para fazer uma oferta para investidor­es profission­ais.

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CARLOS VIEIRA Volumes. Wine importou no ano passado 9,9 milhões de garrafas de vinho, diz consultori­a

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