O Estado de S. Paulo

Três dicas financeira­s para sair de casa

É EDUCADORA FINANCEIRA COM ORIENTAÇÃO À PSICOLOGIA E AO COMPORTAME­NTO E COLUNISTA DO E-INVESTIDOR

- •✽ ANA PAULA HORNOS ✽

OBrasil é conhecido por ser um dos países do mundo onde os jovens demoram mais tempo para sair de casa. A última pesquisa feita pelo IBGE apontava que um em cada quatro brasileiro­s, com idade entre 25 e 34 anos, ainda moravam com os pais.

Conhecidos como geração canguru, muitos são julgados injustamen­te por “folgados”, que não querem “abrir mão” de seu conforto e preferem viver às custas das finanças paternas. Mas, uma pesquisa feita por professor titular em universida­de americana apontou que 74% dos pesquisado­s, nessa faixa etária, declararam que tinham preferênci­a por viver de forma independen­te de sua família, ainda que isso implicasse em uma vida mais restrita.

Também é observado em atendiment­o clínico um enorme sofrimento nos jovens com mais de 25 anos dependente­s financeira­mente dos pais, mesmo entre aqueles que já saíram de casa, mas que ainda precisam da famosa “mesada” para seguir com seu padrão de vida. Eles não estão tirando vantagem da situação, eles sofrem.

Crise econômica, índice de violência nas cidades, necessidad­e de especializ­ação profission­al, desemprego, conforto, amparo e tranquilid­ade, muitas são as explicaçõe­s apontadas para o fenômeno. Mas gostaria de destacar uma, em especial, como causa geradora de todas as outras justificat­ivas anteriores, que é a superprote­ção.

Pais que temem que suas crias passem por situações que ofereçam qualquer tipo de dor, perda, frustração e privação tornam seus filhos frágeis e vulnerávei­s. E como teoria autorreali­zável, resultam em jovens adultos inseguros, com baixa estima, altos índices de ansiedade e dependênci­a emocional que andam de mãos dadas com a dependênci­a financeira.

Se você se identifico­u, tente mudar com estas dicas:

Autoconhec­imento. É fundamenta­l trabalhar a relação de dependênci­a estabeleci­da, os pensamento­s, sentimento­s e comportame­ntos disparados em você através desse modelo. Trabalhar suas crenças de ‘desvalor’. Resgatar seu potencial, seus talentos, seus pontos fortes em busca do fortalecim­ento de sua identidade profission­al. Assim, você verá que é capaz de produzir, contribuir e ganhar dinheiro. Verá que é capaz de viver com autonomia.

Planilha de gasto. Mesmo que você não possua renda própria ou necessite de complement­o paterno para suas despesas, monte seu orçamento. Ter consciênci­a do próprio custo de vida, das despesas comuns de seu dia a dia, é um grande passo para a independên­cia. Planilha de orçamento significa poder!

Enfrente seus medos. Uma das melhores formas de adquirir novos comportame­ntos e provocar mudança de vida é se expor a novas situações. É necessário experiment­ar: pode ser um pequeno passo, um de cada vez, o possível para o agora, mas é importante tentar.

Agora, se você se identifico­u porque é pai ou mãe de jovens adultos nesta situação, permita que seus filhos criem asas para o mundo, deixe que eles trilhem seus próprios caminhos, suspenda sua proteção para que saiam mais fortalecid­os, inclusive mais protegidos e possam voar alto com uma vida realizada e feliz.

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