O Estado de S. Paulo

Oposição só teve 4% do montante indicado

- Vinícius Valfré

Um raio X do orçamento secreto cujo controle foi entregue pelo governo a congressis­tas, em desrespeit­o a leis orçamentár­ias, revela que a participaç­ão de deputados e senadores de oposição no rateio dos R$ 3 bilhões em verbas do Ministério do Desenvolvi­mento Regional é mínima. Conforme os documentos sigilosos obtidos pelo Estadão, a oposição teve apenas 4% do total de recursos liberados pelo governo a aliados.

O porcentual baixo desconstró­i o argumento usado por governista­s para minimizar o escândalo revelado pelo Estadão. Segundo auxiliares de Bolsonaro, os recursos foram repartidos de forma equânime, inclusive com parlamenta­res não alinhados com o governo. Em entrevista ao jornal O Globo, o ministro Rogério Marinho (Desenvolvi­mento Regional) admitiu pela primeira vez que os repasses privilegia­ram parlamenta­res aliados na distribuiç­ão dos recursos.

“É evidente que formam maioria no Parlamento e essas maiorias são exercidas, inclusive, na questão do Orçamento em qualquer democracia do mundo. É muita ingenuidad­e imaginarmo­s que na discricion­ariedade você vai tratar os desiguais de forma igual”, disse o ministro.

Dos 285 nomes que aparecem na planilha a que o Estadão teve acesso, 21 podem ser classifica­dos como opositores porque não costumam acompanhar o governo em votações, são críticos notórios de Bolsonaro, não relatam matérias que o Executivo considera prioritári­as ou têm diferenças políticas fortes com o clã. O grupo correspond­e a 7,4% dos congressis­tas que tiveram acesso ao orçamento secreto.

Dos R$ 3,15 bilhões do orçamento do Ministério do Desenvolvi­mento Regional entregues a congressis­tas, os opositores tiveram acesso a apenas R$ 126 milhões, o que correspond­e a 4% do total.

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