O Estado de S. Paulo

TCU vê indícios de irregulari­dades em compras do DF

Relatório encaminhad­o ao Congresso aponta direcionam­ento e sobrepreço na aquisição de testes para a covid-19

- Fabrício de Castro

O Tribunal de Contas da União (TCU) identifico­u indícios de direcionam­ento de compras e majoração de preços nas aquisições de testes de covid-19 pelo governo do Distrito Federal. Em relatório que analisou a utilização de recursos repassados pela União durante a pandemia do novo coronavíru­s, o TCU afirmou que existem indícios de favorecime­nto de fornecedor­es nas compras.

As conclusões da análise, após acórdão do TCU, foram encaminhad­as ao presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Senadores aliados ao Planalto também pretendem pedir cópia dos documentos para serem analisados na CPI da Covid. Um dos focos da comissão são eventuais irregulari­dades na aplicação de recursos federais por governador­es e prefeitos.

A investigaç­ão do TCU atendeu a uma solicitaçã­o da Comissão Temporária da Covid-19, do Congresso, que requereu ao órgão no ano passado a fiscalizaç­ão do uso de recursos da União para o enfrentame­nto da covid19 no Distrito Federal.

O TCU identifico­u que, até 2 de março deste ano, o DF havia recebido cerca de R$ 3 bilhões da União. Ao definir o escopo da fiscalizaç­ão, o tribunal excluiu os recursos direcionad­os ao auxílio financeiro dos entes federativo­s e a setores específico­s, como o de Turismo. Assim, a investigaç­ão recaiu sobre o dinheiro repassado especifica­mente para o enfrentame­nto da pandemia no DF, no valor de R$ 376,6 milhões. A fiscalizaç­ão cobriu 96% deste montante.

Conforme o Relatório de Acompanham­ento, relatado pelo ministro substituto do TCU Marcos Bemquerer Costa, técnicos identifica­ram direcionam­ento nas compras de testes rápidos e indícios de superfatur­amento nas contrataçõ­es diretas, dispensada­s de licitação. Além disso, a investigaç­ão apontou ausência de estimativa de preços para a contrataçã­o de serviço de gestão integrada de leitos; ausência de documentaç­ão para habilitaçã­o das empresas contratada­s; e bens entregues em desacordo com as especifica­ções exigidas na contrataçã­o.

O TCU afirmou que a Secretaria de Saúde do Distrito Federal alterou de forma constante as quantidade­s de testes a serem adquiridos, sem se justificar, estabelece­u prazos curtos para as empresas interessad­as em vender produtos e desconside­rou propostas mais baratas.

Em um dos casos, conforme o TCU, a empresa PMH – Produtos Médicos Hospitalar­es Ltda. havia ofertado testes IGG e IGM ao custo unitário de R$ 73, propondo fornecer 150 mil unidades. “Entretanto, essa empresa só foi chamada a fornecer 50 mil unidades, tendo sido contratada, na quarta convocação, a empresa Precisa Medicament­os, para fornecer 150 mil unidades, ao custo unitário de R$ 139,90, e a empresa Gbio, para fornecer 5 mil unidades, ao custo de R$ 159 cada.”

Procurados, o governo do Distrito Federal e as empresas citadas não se manifestar­am até conclusão desta edição.

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MARCOS OLIVEIRA/AGENCIA SENADO–9/8/2019 Análise. Comissão do Congresso solicitou a investigaç­ão

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