Novo IDH passa a considerar desenvolvimento sustentável
O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) foi criado em 1990 pela ONU (Organização das Nações Unidas) com o objetivo de medir o progresso de cada país, a partir de três dimensões: renda, saúde e educação, e atuar como um termômetro das desigualdades sociais e das diferenças de gênero. Recentemente, no entanto, esse índice passou a contar com uma nova categoria, a de “pressões planetárias”.
O novo IDHP ou IDH Verde, como ficou conhecido, leva em consideração as emissões de dióxido de carbono e a pegada ecológica dos processos produtivos dos países.
Quanto mais os aspectos avaliados apresentarem melhorias, melhor será o IDH de determinada localidade. A pontuação é dada entre 0 e 1 e, quanto mais próximo do valor, mais desenvolvida é a nação. A relação oferece um contraponto ao PIB (Produto Interno Bruto), que considera apenas a dimensão econômica do desenvolvimento.
Desde 2014, a Noruega figura na primeira posição do ranking e leva o título de país mais desenvolvido do mundo. Contudo, quando a nação foi avaliada pela ótica “verde”, que leva em consideração o impacto do país sobre o planeta, caiu 15 posições, uma vez que sua economia é movida pelo petróleo. Outros países desenvolvidos também desceram no ranking, como Luxemburgo, Islândia, Austrália e Estados Unidos.
Nos comentários iniciais do relatório, o diretor de Desenvolvimento Humano da ONU, Pedro Conceição, destaca a transição energética e os cortes nas emissões de gases do clima como extremamente necessários. O conteúdo, que leva o título “The Next Frontier”, faz um apelo aos países pela redução significativa da pressão sobre o planeta.
O Brasil ocupa a 84ª posição no ranking de 189 países, mas, se avaliado sob o prisma do novo IDHP, sobe 10 degraus. Uma boa surpresa do relatório é a Costa Rica, que ocupa o 62º lugar entre 189 países no IDH tradicional, mas sobe 37 posições quando se leva em conta seu nível de emissões e o rastro ecológico de seu consumo. O fato pode ser explicado pela manutenção de políticas públicas de longo prazo. Nos anos 80, o país apresentava altos índices de desmatamento e trabalhou para mudar esse cenário com a criação de parques nacionais.
A nova metodologia ainda deve passar por adaptações, mas já gera algumas curiosidades. Quando a sustentabilidade entra na conta, o Brasil é considerado mais desenvolvido que a Austrália e o México supera os EUA, por exemplo.
Ou seja, um trunfo para os países mais pobres, que deram menos causa à mudança climática e podem sofrer mais com ela, tendo seu crescimento econômico limitado por ações de países ricos contra o planeta.
Por essa razão, os governos devem adotar novas medidas para enfrentar a crise ambiental e a crescente desigualdade, tornando-as parte de uma estratégia de longo prazo.
Países desenvolvidos perdem posições com nova categoria “verde”; Brasil sobe 10 degraus