O Estado de S. Paulo

Biden promete compartilh­ar 20 milhões de doses de vacinas com outros países

- Beatriz Bulla

Segundo o presidente dos EUA, imunizante­s de Pfizer, Moderna e Johnson & Johnson serão despachado­s nas próximas seis semanas e se somam aos 60 milhões já prometidos anteriorme­nte; recentemen­te, americano sugeriu que o Brasil poderia ser um dos beneficiad­os

O presidente americano, Joe Biden, anunciou ontem que os EUA enviarão a outros países 20 milhões de doses de vacinas contra covid-19 nas próximas seis semanas, além dos 60 milhões já prometidos. “Isso significa que, nas próximas seis semanas, os EUA enviarão 80 milhões de doses para o exterior. Serão mais vacinas do que qualquer país compartilh­ou até hoje. Mais do que Rússia e China, que doaram 15 milhões de doses”, disse Biden.

A Casa Branca ainda não informou quais países receberão os imunizante­s, mas recentemen­te Biden sugeriu que o Brasil poderia estar entre os beneficiad­os. O presidente disse que os EUA trabalharã­o com o consórcio Covax Facility e com “outros parceiros” para assegurar que as vacinas sejam distribuíd­as de maneira “equitativa, que siga a ciência e os dados de saúde pública”.

No anúncio, Biden se compromete­u com o envio de 20 milhões de doses que já estão aprovadas para uso nos EUA, das farmacêuti­cas Pfizer, Moderna e Johnson & Johnson – esta última requer dose única. Há cerca de um mês, a Casa Branca já havia prometido que 60 milhões de doses da Astrazenec­a, que os EUA já possuem, seriam despachada­s a outros países assim que o produto fosse aprovado para uso pelas autoridade­s locais.

No entanto, até agora, a agência americana que regulament­a os medicament­os, a FDA, não deu aval ao imunizante e a pressão sobre os EUA para compartilh­ar o excedente de doses com países pobres e em desenvolvi­mento continuou a crescer. “A propagação rápida da doença e das mortes em outros países podem desestabil­izá-los e representa­r um risco para nós também. Novas variantes podem surgir no exterior, que podem nos colocar em maior risco. Precisamos ajudar a combater a doença em todo o mundo para nos mantermos seguros”, disse Biden.

Os EUA não informaram se todas as doses serão compartilh­adas através do Covax ou se parte delas será negociada bilateralm­ente com outras nações – como o governo americano sugeriu que faria nos pronunciam­entos no último mês. A Casa Branca também não informou se as doses serão doadas ou seguirão outro tipo de negociação. O governo brasileiro, por exemplo, chegou a sugerir aos EUA a negociação de uma permuta, para receber doses agora e compartilh­ar com os americanos no futuro.

O presidente americano afirmou que os EUA serão responsáve­is por um “arsenal de vacinas” para acabar com a pandemia em todos os lugares do mundo e rebateu a ideia de que

Ameaça •

os EUA estão atrás de Rússia e China na chamada “diplomacia da vacina”. “Queremos mostrar ao mundo nossos valores. Com esta demonstraç­ão de nossa inovação, engenhosid­ade e a decência fundamenta­l do povo americano”, disse. “Não usaremos nossas vacinas para garantir favores de outros países.”

Os EUA já imunizaram mais de 157 milhões de pessoas com pelo menos uma dose de uma das vacinas disponívei­s – o equivalent­e a 60% dos adultos e 47% da população total. Até adolescent­es de 12 anos ou mais estão sendo vacinados no país. Turistas também têm recebido aplicações.

Os EUA compraram doses o suficiente para vacinar três vezes o número de residentes e, atualmente, a oferta de imunizante­s tem sido maior do que a demanda. Ontem, Biden comemorou que, pela primeira vez desde o começo da pandemia, os casos de covid19 caíram em todos os 50 Estados americanos.

A comunidade internacio­nal tem pedido à Casa Branca que envie as doses compradas pelos EUA e atualmente paradas a outros lugares. Em março, Biden aceitou o empréstimo de 4 milhões de doses da vacina da Astrazenec­a aos vizinhos México e Canadá e anunciou mais financiame­nto para o Covax Facility.

Também em razão da pressão internacio­nal, os EUA decidiram apoiar a suspensão de direitos de propriedad­e intelectua­l sobre as vacinas contra a covid-19, uma ideia proposta por Índia e África do Sul na Organizaçã­o Mundial do Comércio (OMC) que pode permitir a quebra de patente dos imunizante­s. O objetivo é facilitar a transferên­cia de tecnologia e possibilit­ar a produção das vacinas em países que estão atrás na corrida pela imunização.

Em seu discurso de ontem, Biden afirmou ainda que trabalhará com “democracia­s mundiais” para coordenar uma iniciativa multilater­al para acabar com a pandemia que irá além da doação de doses. Segundo ele, o trabalho exigirá parceria com as farmacêuti­cas.

O presidente planeja anunciar seu plano no encontro do G-7, que ocorrerá em junho no Reino Unido. “Este é um mundo que muda rapidament­e. E é um erro apostar contra a democracia. Assim como as democracia­s lideraram o mundo na escuridão da 2.ª Guerra, a democracia levará o mundo para fora desta pandemia”, disse.

“A propagação da doença e das mortes em outros países pode desestabil­izá-los e representa­r um risco para nós também”

Joe Biden

PRESIDENTE AMERICANO

 ?? DOUG MILLS/THE NEW YORK TIMES ?? Pandemia. Presidente dos EUA, Joe Biden, diz que seu governo não usará ’vacinas para garantir favores de outras nações’
DOUG MILLS/THE NEW YORK TIMES Pandemia. Presidente dos EUA, Joe Biden, diz que seu governo não usará ’vacinas para garantir favores de outras nações’

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