Perspectiva dos EUA sobre os israelenses está mudando
Opresidente Joe Biden está atraindo críticas de todas as frentes na sua resposta ao conflito palestino-israelense. Seu governo parece despreparado no momento em que a violência cresce. Os críticos dizem que a Casa Branca está concentrada apenas nas prioridades da política externa sem relação com o Oriente Médio. Da direita, figuras como o ex-secretário de Estado Mike Pompeo acusam Biden de não estar ao lado de Israel diante dos ataques dos foguetes do Hamas. Ao mesmo tempo, uma divisão crescente no Partido Democrata de congressistas mais à esquerda se diz frustrada com a relutância do presidente em ser mais crítico às ações israelenses.
Biden emitiu declarações pedindo o fim das hostilidades e defendendo o direito de Israel de se defender. No Conselho de Segurança da ONU, os EUA mais uma vez protegeram Israel de qualquer censura significativa, bloqueando uma declaração pedindo um cessar-fogo. Aparecendo na TV israelense e americana, no domingo, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, sinalizou que seu país não interromperia as operações militares, não importando a indignação internacional.
Mas, em Washington, o apoio aos palestinos cresce no Congresso. Na sextafeira, o senador Bernie Sanders escreveu um artigo no New York Times afastando os holofotes das provocações do Hamas para a realidade mais profunda da vida de milhões de palestinos que vivem sob bloqueio e ocupação. Ele apontou para a devastação desencadeada nas últimas semanas por turbas furiosas de extremistas judeus em Jerusalém, bem como as questionáveis tentativas legais israelenses de expulsar à força os residentes palestinos de um bairro da cidade.
Em outra época, Sanders teria sido uma figura solitária, mas agora ele não está sozinho. Legisladores democratas, incluindo políticos solidamente pró-israel, emitiram declarações indicando seu descontentamento com as baixas causadas pelos ataques de Israel em Gaza.
O apoio de democratas e republicanos a Israel ainda perdura, mas analistas dizem que o cenário está mudando para um novo enfoque nos direitos palestinos – em oposição ao objetivo da criação de um Estado. Isso pode significar que mais pessoas veem o conflito por meio da ótica da justiça social.
A estreita aliança do presidente Donald Trump com Netanyahu pode ter ajudado a erodir o outrora férreo consenso em torno de Israel. Muitos democratas também estão percebendo que os antecessores de Trump, incluindo o próprio Biden, nos anos de Obama, não impediram a expansão dos assentamentos israelenses ou impuseram custos a Israel por minar as perspectivas de um Estado palestino.
A mudança de atitude não se reflete só no Partido Democrata. Uma pequena maioria dos americanos agora acredita que o governo dos EUA deveria exercer mais pressão sobre Israel, de acordo com uma pesquisa Gallup deste ano. Biden, contudo, não parece ainda ser um deles.