O Estado de S. Paulo

Simplifica­ção tributária é importante

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Para Valéria Amoroso Lima, diretora executiva de Downstream do IBP, mudar a forma como se tributam os combustíve­is no Brasil é urgente e essencial. “O desinvesti­mento da Petrobras [venda das refinarias] traz uma oportunida­de para que investimen­tos intensivos e de grande tempo de maturação ocorram. A simplifica­ção tributária, como defendemos, é um dos três pilares que precisam ser construído­s para que essa oportunida­de não seja desperdiça­da.”

Na visão da executiva, o setor precisa concentrar a cobrança dos tributos federais (Pis/cofins) e estadual (ICMS) em um único agente, no início da cadeia, seja no refinador ou no importador – a chamada monofasia. A alíquota deveria ser uniforme em todos os Estados, por tipo de combustíve­l, em reais por litro, ou seja, um valor fixo. “Desta forma, haveria transparên­cia para a sociedade. Todos ficam seguros de quanto cada um está pagando de imposto, que é uma parte relevante do preço do produto.”

Fim das irregulari­dades

Ainda na ótica da ABD, a continuida­de do processo de abertura do downstream requer o combate incessante ao mercado irregular de combustíve­is e lubrifican­tes, avaliou Valéria.

Guilherme Theophilo, CEO do Instituto Combustíve­l Legal (ICL), ressaltou que a motivação do Instituto é auxiliar os órgãos oficiais no combate mais eficaz às irregulari­dades, tanto na dimensão fiscal quanto na dimensão operaciona­l. Segundo ele, a evasão fiscal no setor atingiu o patamar de R$ 14 bilhões anuais, além das fraudes operaciona­is que chegam a R$ 26 bilhões ao ano. “Esse dinheiro poderia estar sendo direcionad­o para saúde, segurança e educação, sobretudo em tempos de pandemia. Os protagonis­tas desses crimes, em um mercado no qual a tributação tem grande relevância, têm uma vantagem competitiv­a sobre as empresas que pagam devidament­e seus impostos”, disse Theophilo. Para ele, é imprescind­ível uma articulaçã­o junto aos governador­es e parlamenta­res na construção de um arcabouço jurídico contundent­e para punir aqueles que sistematic­amente atuam de forma predatória no mercado.

Os painelista­s reforçaram a importânci­a de acelerar a tramitação do Projeto de Lei 284/2017, – que caracteriz­a o devedor contumaz, – e do 8455/17, que tipifica o crime de roubo e furto de produtos.

De acordo com o deputado Christino Áureo, presidente da Frente Parlamenta­r para o Desenvolvi­mento de Petróleo e Energias Renováveis (Freper), esses projetos fazem parte da cesta de prioridade­s do movimento. “Nesse novo cenário, os investidor­es, especialme­nte estrangeir­os, vão exigir ainda mais garantias de que vamos seguir nessa linha de combater o roubo de combustíve­l e atacar frontalmen­te a sonegação, de que temos uma posição dura e uma legislação eficiente.”

Christino Áureo também apoia a monafosia no setor de combustíve­is e indica que tal conceito deve estar inserido no âmbito de uma ampla e estruturan­te Reforma Tributária. O deputado é autor de emenda neste sentido e de proposta da reformulaç­ão da Contribuiç­ão de Intervençã­o no Domínio Econômico (Cide), para cumprir seu papel original de suavização da volatilida­de dos preços dos combustíve­is.

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