O Estado de S. Paulo

Warner e Discovery se unem para brigar com Disney e Netflix.

Acordo de fusão cria nova força com quase 80 milhões de clientes no mundo e esquenta a disputa global entre serviços de streaming

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A gigante americana AT&T confirmou ontem o fechamento de um acordo que prevê a fusão de seu braço da Warnermedi­a (dona dos canais CNN, HBO, TNT e do estúdio de cinema Warner Bros.) com o grupo Discovery. Se aprovada por reguladore­s, a operação vai criar uma nova empresa que competirá com gigantes do setor de entretenim­ento, como Walt Disney e Netflix. O novo grupo de mídia é avaliado em cerca de US$ 150 bilhões.

Pelos termos do negócio, a AT&T receberia US$ 43 bilhões em uma combinação de dinheiro e títulos de dívida, enquanto seus acionistas teriam os papéis de 71% da nova companhia. Os 29% restantes ficariam com acionistas da Discovery. Segundo comunicado, os conselhos das duas empresas já aprovaram a transação.

O presidente e executivo-chefe da Discovery, David Zaslav, vai liderar o novo empreendim­ento, que reúne um dos estúdios mais poderosos de Hollywood, englobando as franquias Harry Potter e Batman.o novo nome da empresa deve ser divulgado na próxima semana.

Outros detalhes, incluindo o futuro do presidente da Warnermedi­a, Jason Kilar, e como as propriedad­es e serviços serão arranjados e comerciali­zados, ainda precisam ser acertados, explicaram executivos em uma coletiva de imprensa após o anúncio do negócio.

“As oportunida­des de streaming direto para o consumidor estão evoluindo rapidament­e e, para manter o ritmo e manter uma posição de liderança, várias coisas são necessária­s – escala global, acesso a capital, uma gama de conteúdo de alta qualidade e os melhores talentos da indústria”, disse o presidente da AT&T, John Stankey.

Mercado de streaming. Ao lado de serviços online como Disney Plus, Amazon Prime e Apple TV+, o canal HBO é um dos principais concorrent­es da Netflix no mercado de streaming. No primeiro trimestre, a empresa atingiu um total de 63,9 milhões de assinantes no mundo (somando os consumidor­es de TV a cabo e streaming via HBO Max), um aumento de 18% sobre o mesmo período do ano passado.

A empresa tem um vasto e valioso catálogo de filmes, documentár­ios e séries, e tem apostado nesse conteúdo para expandir seu serviço de streaming HBO Max, que deve estrear em

junho no Brasil e em outros países da América Latina e até o fim do ano em vários países da Europa.

Segundo notícias dos EUA, a união da Warnermedi­a com o grupo Discovery veio também para cindir a operação da AT&T de sua grande aposta na área de mídia, realizada em 2016, por US$ 85 bilhões, mas só concluída no início do ano passado, após aprovações de órgãos reguladore­s ao redor do mundo, incluindo no Brasil. A ideia da AT&T agora é focar na expansão da cobertura de 5G nos Estados Unidos, em vez de se dedicar à criação de conteúdo.

Apesar de ter quase 64 milhões de consumidor­es – número que deve crescer com a expansão territoria­l agora planejada –, a HBO Max está bem longe dos 103,6 milhões de clientes da Disney+ e dos 207,6 milhões da Netflix. A seu favor, no entanto, ela tem a expansão global ainda em estágio inicial de um portfólio respeitáve­l de conteúdo, com clássicos como Game of Thrones, The Sopranos, Sex and

the City e Friends.

Na visão de analistas, o acordo põe pressão sobre outros grupos de mídia que ainda não se estabelece­ram no streaming, como a Viacom.

Já a Discovery detém os canais de TV fechada Discovery Channel, Science, TLC e Food Network, entre outros. O grupo, que tem um valor de mercado de US$ 24 bilhões, tem uma extensa lista de documentár­ios e produções de TV por assinatura, acumulada desde a fundação da empresa, em 1985.

Em janeiro, o grupo estreou seu serviço de streaming nos EUA. Em abril, a plataforma havia alcançado 15 milhões de assinantes, de acordo com as informaçõe­s da empresa. Ou seja: consideran­do os dados da HBO Max, a empresa chega a 78,9 milhões de clientes combinados.

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JUSTIN SULLIVAN/AFP Mais leve. Com a criação de um conglomera­do de mídia fora de sua estrutura, AT&T deve concentrar forças na expansão da rede de internet 5G nos EUA

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