O Estado de S. Paulo

Marinho deve ir à Câmara explicar emenda secreta

Ministro comanda pasta responsáve­l por liberar emendas para beneficiar aliados; depoimento foi marcado para dia 8

- Camila Turtelli

Comissão de Trabalho da Câmara aprovou convite para que o ministro do Desenvolvi­mento Regional, Rogério Marinho, fale sobre o “orçamento secreto” do governo, revelado pelo Estadão. O deputado Hildo Rocha (MDB-MA) afirmou que o ministro Luiz Eduardo Ramos foi quem negociou a distribuiç­ão dos recursos.

A Comissão de Trabalho, Administra­ção e Serviços Públicos da Câmara aprovou ontem, por unanimidad­e, requerimen­to de convite para que o ministro do Desenvolvi­mento Regional, Rogério Marinho, preste esclarecim­entos sobre o “orçamento secreto” do governo federal, revelado pelo Estadão. O depoimento foi marcado para 8 de junho.

Um pedido de convocação do ministro, apresentad­o pelo deputado Rogério Correia (PTMG), foi transforma­do em convite. Com isso, Marinho não é obrigado a comparecer à comissão, mas deputados esperam que ele não se negue a dar explicaçõe­s sobre o assunto.

Na semana passada, o Estadão revelou a existência de um orçamento secreto de R$ 3 bilhões criado pelo governo para manter sua base de apoio no Congresso. Por ordem do Palácio do Planalto, o dinheiro foi liberado pelo Ministério do Desenvolvi­mento Regional, por meio de uma nova modalidade de emendas (RP9) destinadas à compra de equipament­os agrícolas e tratores por preços até 259% acima dos valores de referência fixados pelo governo. O caso ficou conhecido como “tratoraço”.

A manobra foi colocada em prática no ano passado, às vésperas das disputas no Congresso, que elegeram Arthur Lira (Progressis­tas-al) para a presidênci­a da Câmara e Rodrigo Pacheco (DEM-MG) para o comando do Senado.

Por causa do orçamento secreto, Bolsonaro está na mira de outras duas representa­ções no TCU. Uma delas é assinada pelo deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ), líder da Minoria na Câmara, e outra pelo subprocura­dor Lucas Furtado. Deputados falam até mesmo na criação da “CPI do Tratoraço”.

Marinho também é alvo de um pedido feito por oito deputados da oposição à Procurador­ia da República no Distrito Federal, para abertura de inquérito por improbidad­e administra­tiva contra ele e o presidente da Companhia de Desenvolvi­mento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Marcelo Andrade Moreira Pinto.

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