O Estado de S. Paulo

Instituto prevê retorno do País a 3 mil mortes/dia ainda este mês

Brasil pode chegar a 973 mil mortes por covid-19 até setembro, conforme as previsões de universida­de americana

- Mariana Hallal

O Brasil deve ter um novo aumento de mortes por covid-19 nos próximos dias, voltando ao patamar dos 3 mil mortos por dia, e, no pior dos cenários, registrará 973 mil óbitos relacionad­os à doença até setembro. Os dados são de uma projeção feita pelo Instituto Para Métricas de Saúde e Avaliação (IHME), da Universida­de de Washington (EUA).

O instituto trabalha com três hipóteses. Na projeção mais otimista, os pesquisado­res consideram que 95% da população usará máscaras de proteção contra a covid. Em outra, que eles chamam de projeção atual, é esperado que o ritmo de vacinação seja mantido e a variante B.1.1.7 continue se espalhando em certos locais. No pior dos cenários, com o maior número de mortes, eles consideram que as pessoas já vacinadas vão abandonar a prevenção à covid.

Nas três conjuntura­s, o IHME projeta que o Brasil voltará a registrar 3 mil mortes diárias no dia 31 de maio. Na projeção atual e no cenário mais otimista, o novo pico de óbitos seria no início de junho, com cerca de 3,1 mil mortes por dia. Nessas duas hipóteses o número diário de mortes começaria a cair no dia 6 de junho e alcançaria entre 200 (mais otimista) e 480 óbitos (projeção atual) por dia no início de setembro.

No pior cenário, aquele em que os vacinados deixam de lado a prevenção à covid, o pico aconteceri­a no início do inverno, em 6 de julho, com quase 4 mil mortes. O número é o dobro do projetado no cenário intermediá­rio (1,9 mil) e quase quatro vezes mais do que as mortes previstas na hipótese otimista (1,1 mil). Nessa conjuntura, o País ainda estaria no patamar das 2 mil mortes diárias no início de setembro.

O instituto também projeta o total de mortes que o País pode alcançar em cada uma das hipóteses formuladas. No cenário mais pessimista, o Brasil pode ter 973 mil mortes até o início de setembro. A previsão atual é para 832 mil mortes no período e a análise mais otimista prevê 779 mil mortes. A diferença entre as projeções reforça a importânci­a das medidas de prevenção ao coronavíru­s. Se pelo menos 95% dos brasileiro­s usarem máscara adequadame­nte, cerca de 200 mil vidas poderão ser poupadas em pouco mais de três meses, segundo o IHME.

Repercussã­o. A epidemiolo­gista Ethel Maciel, professora da Federal do Espírito Santo (Ufes), diz que o uso de máscaras, o distanciam­ento físico e a higienizaç­ão das mãos são fundamenta­is

“As vacinas vão chegando aos poucos, os cronograma­s estão atrasando. Isso torna a situação muito imprevisív­el e lamentável.”

Roberto Kraenkel

PROFESSOR DO IFT-UNESP

neste momento. “Nós ainda estamos com o número de casos muito alto. Há muitas pessoas infectadas circulando pelas cidades e muitas nem sabem que carregam o vírus.”

Já para Roberto Kraenkel, professor do Instituto de Física Teórica da Universida­de Estadual Paulista (Ift-unesp), é difícil projetar os rumos da covid19 no País. “A epidemia no Brasil

é composta por muitas epidemias ao mesmo tempo.” Ele lembra que não há um plano nacional de combate à pandemia. Cada Estado precisou montar o próprio planejamen­to e os governador­es determinam quando se deve fechar ou não as atividades. “As políticas públicas brasileira­s têm sido reativas. O curso da epidemia depende demais das medidas de restrição.”

 ?? INFOGRÁFIC­O/ESTADÃO ?? FONTE: INSTITUTO PARA MÉTRICAS DE SAÚDE E AVALIAÇÃO (IHME), DA UNIVERSIDA­DE DE WASHINGTON
INFOGRÁFIC­O/ESTADÃO FONTE: INSTITUTO PARA MÉTRICAS DE SAÚDE E AVALIAÇÃO (IHME), DA UNIVERSIDA­DE DE WASHINGTON

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil