O Estado de S. Paulo

‘Paralimpía­da será a mais importante da história’

- Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpic­o Internacio­nal João Prata

O brasileiro Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpic­o Internacio­nal, disse que não existe a possibilid­ade de os Jogos Paralímpic­os do Japão, marcados para o período de 24 de agosto a 5 de setembro, serem cancelados. Ao Estadão, ele disse acreditar que até por causa da pandemia é fundamenta­l que aconteça a competição, para dar voz às pessoas com deficiênci­a “afetadas de maneira desproporc­ional pelo coronavíru­s”.

Andrew disse que o IPC gastará US$ 900 milhões (R$ 4,7 bilhões) a mais do que o previsto só para medidas de combate à covid. Para tranquiliz­ar a população local, contou que os atletas serão testados diariament­e desde 96 horas antes de embarcar para o Japão. Só poderão sair da Vila Olímpica para o local de competição. E, assim que terminarem suas disputas, terão de retornar para o país de origem.

• Por que é importante ter os Jogos Paralímpic­os em meio à pandemia?

Acredito que serão os Jogos mais importante­s da história por causa disso. Se olhar ao redor, as pessoas com deficiênci­a foram afetadas de forma desproporc­ional: 60% dos ingleses vítimas da covid tinham deficiênci­a. A pandemia destacou desigualda­des que já existiam. Em um momento de estresse do sistema, as políticas públicas não foram tão inclusivas.

Dirigente afirma que a pandemia faz crescer o significad­o da realização do único evento global para pessoas com deficiênci­a

A Paralimpía­da é o único evento global para os deficiente­s. O momento é de dar voz a 1 bilhão de pessoas, a 15% da população mundial. Um gap de 8 anos entre os Jogos do Rio-2016 e de Paris-2024 seria um retrocesso gigantesco.

• Como será feito o monitorame­nto de atletas e delegações? Começará com dois testes feitos 96 horas antes do embarque, em locais certificad­os pelo Japão. Os atletas serão testados todos os dias. E o restante da população envolvida diretament­e com os Jogos também será testado de maneira muito intensa. A chance de alguém com teste positivo ter contato com um cidadão é remota.

• Como está sendo a organizaçã­o para vacinar as pessoas que participar­ão dos Jogos?

Temos relacionam­ento muito próximo com todos os comitês nacionais. Antes do anúncio da Pfizer, a estimativa era que 60% dos participan­tes iriam chegar vacinados em Tóquio. Agora, com essa nova campanha, voltamos a contactar os comitês para reavaliar o porcentual. Há países que já vacinaram todos atletas.

• O Sindicato Nacional de Médicos do Japão quer que cancelem os Jogos. Existe a possibilid­ade de não haver o evento?

Não, não existe. O que determina o cancelamen­to seria uma situação de agravament­o muito grande da pandemia no Japão. A última coisa que queremos é colocar mais pressão nos serviços médicos do país. Temos soluções dentro da estrutura dos Jogos para lidar com casos positivos. Sempre tivemos só um princípio norteador: a saúde e o bem-estar. Proteger atletas e população.

• Como será quando as delegações chegarem à Vila Olímpica? Os atletas vão da Vila para a instalação onde vão competir. E da instalação para a Vila. Eu, por exemplo, vou do meu quarto para a instalação. Infelizmen­te não vou poder ir para a Vila. Vai ser uma experiênci­a nova. A prioridade é tornar os Jogos mais seguros possível. Cada delegação terá uma figura oficial que manterá contato com a organizaçã­o. Essa pessoa vai concentrar as informaçõe­s relacionad­as ao monitorame­nto, será o canal de comunicaçã­o.

• Qual o impacto de a Paralimpía­da

ter atrasado um ano? Qual o custo desse atraso?

Só de custos adicionais para enfrentame­nto da covid, o Comitê gastará US$ 900 milhões (R$ 4,7 bilhões).

Andrew Parsons

PRES. DO COMITÊ PARALÍMPIC­O ‘O momento é de dar voz a 1 bilhão de pessoas (com deficiênci­a), a 15% da população mundial’

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JÖRN WOLTER / IPC Rigor. Andrew explica que os atletas serão testados diariament­e e circulação será restrita

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