Mais uma cimenteira entra na fila das ofertas de ações
Aunidade brasileira da Intercement, empresa do Grupo Camargo Correa, renomeado Mover, dá encaminhamento a pedido para fazer sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), que será majoritariamente secundária - ou seja, os recursos vão para os acionistas e não para o caixa da empresa. O controlador quer levantar cerca de US$ 1 bilhão, o que corresponderia a uma oferta ao redor de R$ 5 bilhões. Para isso, vai vender uma fatia na unidade brasileira, a depender do valor da empresa, que pode chegar a 49% da cimenteira. No ano passado, a Intercement Brasil registrou geração de caixa (medida pelo Ebitda) de R$ 683 milhões. A oferta tem Bradesco BBI como coordenador-líder e Itaú BBA, UBS-BB e Bofa como coordenadores.
» Abafa. Os recursos serão usados para reduzir a dívida de sua controladora Intercement Global, que tem operações em Moçambique, Egito, África do Sul e Argentina. No balanço do quarto trimestre, a companhia do grupo Mover tinha dívida bruta de US$ 1,6 bilhão.
» Tese. A CSN Cimentos protocolou ontem seu pedido de IPO, com o qual pretende movimentar R$ 2 bilhões. O setor de cimento viveu um ciclo de queda de demanda nos últimos anos, mas o aquecimento recente do setor imobiliário, a perspectiva de obras de infraestrutura e a saída da concorrente Lafargeholcim do mercado estão entre as histórias que os organizadores das duas ofertas contarão para atrair investidores. Procurada, a Intercement não comentou.
» Cofre. A gestora de recursos Urca Capital Partners - especialista em fundos imobiliários - está planejando captar cerca de meio bilhão de reais até o fim do ano. O entendimento da casa é que o setor de construção ainda guarda boas oportunidades, mas é importante se antecipar ao ciclo de alta da taxa básica de juros (Selic), que devolverá alguma atratividade à renda fixa.
» Fatias. Uma das operações em análise é uma emissão subsequente de cotas do fundo Urca Prime Renda (URPR11) para levantar perto de R$ 200 milhões no meio do ano. O fundo investe na compra dos certificados de recebíveis de loteamentos vendidos a pessoas físicas e agora cogita explorar também o setor de multipropriedades - aquele em que o consumidor pode adquirir apenas uma fração de casas de praia, campo ou em estâncias turísticas para usar por apenas um mês do ano.
» Empréstimos. A Urca também tem em vista captar outros R$ 100 milhões para estruturar um fundo para o desenvolvimento de projetos imobiliários, em parceria com as empresas de construção. Em vez de ficar com a carteira de recebíveis das vendas dos imóveis, a ideia é entrar na concessão de crédito para obras. O risco aí é maior, pois envolve empreendimentos na planta. Mas também terá a perspectiva de retornos mais altos, como gostam os investidores profissionais.
» Na gringa. A terceira tacada é a mais complexa e envolve até US$ 100 milhões em recursos com a estruturação de um veículo de investimento offshore para brasileiros comprarem cotas de imóveis comerciais nos Estados Unidos. O alvo são galpões e lojas ocupadas por varejistas triplo A, tipo Walgreens ou Outback. Esse projeto está em maturação desde o ano passado, rodeado de advogados especialistas em mercado de capitais e tributação de Brasil, EUA, Caribe e Europa.
» Fechou. A atividade econômica das microempresas e dos trabalhadores autônomos atingiu, em abril, o pior resultado para o mês desde 2015. O período foi marcado por restrições à circulação e fechamento do comércio em virtude da pandemia. O levantamento foi feito pela Sumup, fintech de soluções para esse segmento, especializada em máquinas de cartões. O Índice Sumup do Microempreendedor ficou em 75,05 pontos, o que representa uma queda de 8,88% em relação a abril de 2020 e de 7,36% contra março de 2021.
» Sol forte. A Elgin vai investir R$ 140 milhões em sua divisão de energia solar este ano, quase três vezes mais que no ano passado, impulsionada pelo aumento de demanda nesse segmento. A previsão é de que a área cresça 150% neste ano.
» Caseiro. O grupo atua no setor fotovoltaico desde 2017 e, no ano passado, criou uma divisão para ampliar os negócios de energia solar. Entre 2019 e 2020, os geradores residenciais lideraram os pedidos na Elgin, com 85% de participação, seguidos pelos geradores para fins comerciais (10%) e industriais (5%). A expectativa é que a área se torne a mais representativa da empresa em até cinco anos.
CYNTHIA DECLOEDT, CIRCE BONATELLI E DENISE LUNA