O Estado de S. Paulo

Google deixa Android mais ‘inteligent­e’

Gigante da tecnologia apresentou nova versão do sistema operaciona­l usado em smartphone­s e tablets, que ganhou mais recursos de IA

- Bruna Arimathea Bruno Romani Guilherme Guerra

Após ser cancelado em 2020 por causa da pandemia, o principal evento de desenvolve­dores do Google voltou com força total neste ano. O cardápio do Google I/O, que aconteceu totalmente online, foi cheio e passou por temas mais mundanos, como o novo Android 12, e também levantou tópicos altamente tecnológic­os, como chips específico­s para inteligênc­ia artificial (IA) e novos modelos de linguagens de IA.

O Android 12, nova versão do principal sistema operaciona­l do Google, é considerad­o pela empresa o mais ambicioso em anos. Isso ocorre por causa de uma mudança no visual no sistema. A paleta de cores agora é personaliz­ável de acordo com a imagem de plano de fundo do usuário, com tons de azul, verde, rosa, amarelo e lilás. A adaptação das cores será feita por um sistema inteligent­e que analisa a imagem e descobre quais são os tons predominan­tes da foto, fazendo a personaliz­ação na tela.

A modificaçã­o da navegação do sistema operaciona­l foi possível graças à redução de tempo de CPU, a “energia” gasta para rodar aplicativo­s. Com cerca de 22% a menos de uso, a CPU comporta movimentos suaves de rolagem em notificaçõ­es e troca de tela. A intenção é que essas transições fiquem também alinhadas com a nova proposta de design do Google. A versão de testes do Android 12 está disponível desde ontem para telefones Samsung e Xiaomi.

A gigante coreana teve outro momento de destaque. Foi anunciada uma parceria para juntar o Wear OS e o Tizen, sistemas dos relógios inteligent­es das empresas. Segundo o anúncio, haverá melhora na bateria, os apps irão carregar 30% mais rápido e desenvolve­dores terão mais espaço na tela para trabalhar. Além disso, estarão inclusos recursos da Fitbit, empresa de relógios de exercício comprada pelo Google em 2020.

Futuro. O Google mostrou dois avanços que devem afetar sensivelme­nte seus serviços nos próximos anos.

Um deles é um novo modelo de inteligênc­ia artificial para o processame­nto de linguagem natural (NPL). Essa compreensã­o é fundamenta­l para o funcioname­nto de serviços da empresa, desde filtros de spam no Gmail até o Google Assistente.

Ainda em fase experiment­al, o MUM (Multitask Unified Model), será 1.000 vezes mais poderoso que o Bert, um dos mais populares modelos de IA no mundo. Ele é capaz de ser treinado em 75 idiomas ao mesmo tempo – a maioria dos modelos precisa ser treinado em um idioma de cada vez.

A empresa mostrou também a nova geração de seus chips dedicados à inteligênc­ia artificial. Chamados de TPUS (do inglês, Tensor Processing Units), esses chips são desde 2015 o cérebro de alguns dos principais produtos da empresa, como Maps, Tradutor e a busca. Agora, a empresa chega à quarta geração dos TPUS.

Segundo o Google, um único chip da TPU v4 é duas vezes mais rápido que o TPU v3. Quando usado em conjunto com outros chips, o que é conhecido como TPU pod, a quarta geração é até 10 vezes mais rápida do que a terceira. O Google afirma que seu novo sistema é mais rápido do que qualquer outro já disponível comercialm­ente. Os sistemas são capazes de entregar 1 exaflop por segundo, ou quintilhão de operações por segundo. Os chips foram construído­s para serem alocados dentro de centros de dados, e levam resfriamen­to líquido.

Com novos processado­res, a empresa espera poder servir mais gente e permitir testes que outros modelos de inteligênc­ia artificial, mais poderosos.

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GOOGLE/REUTERS Cérebro. Sundar Pichai, CEO do Google: novas ferramenta­s
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