Google deixa Android mais ‘inteligente’
Gigante da tecnologia apresentou nova versão do sistema operacional usado em smartphones e tablets, que ganhou mais recursos de IA
Após ser cancelado em 2020 por causa da pandemia, o principal evento de desenvolvedores do Google voltou com força total neste ano. O cardápio do Google I/O, que aconteceu totalmente online, foi cheio e passou por temas mais mundanos, como o novo Android 12, e também levantou tópicos altamente tecnológicos, como chips específicos para inteligência artificial (IA) e novos modelos de linguagens de IA.
O Android 12, nova versão do principal sistema operacional do Google, é considerado pela empresa o mais ambicioso em anos. Isso ocorre por causa de uma mudança no visual no sistema. A paleta de cores agora é personalizável de acordo com a imagem de plano de fundo do usuário, com tons de azul, verde, rosa, amarelo e lilás. A adaptação das cores será feita por um sistema inteligente que analisa a imagem e descobre quais são os tons predominantes da foto, fazendo a personalização na tela.
A modificação da navegação do sistema operacional foi possível graças à redução de tempo de CPU, a “energia” gasta para rodar aplicativos. Com cerca de 22% a menos de uso, a CPU comporta movimentos suaves de rolagem em notificações e troca de tela. A intenção é que essas transições fiquem também alinhadas com a nova proposta de design do Google. A versão de testes do Android 12 está disponível desde ontem para telefones Samsung e Xiaomi.
A gigante coreana teve outro momento de destaque. Foi anunciada uma parceria para juntar o Wear OS e o Tizen, sistemas dos relógios inteligentes das empresas. Segundo o anúncio, haverá melhora na bateria, os apps irão carregar 30% mais rápido e desenvolvedores terão mais espaço na tela para trabalhar. Além disso, estarão inclusos recursos da Fitbit, empresa de relógios de exercício comprada pelo Google em 2020.
Futuro. O Google mostrou dois avanços que devem afetar sensivelmente seus serviços nos próximos anos.
Um deles é um novo modelo de inteligência artificial para o processamento de linguagem natural (NPL). Essa compreensão é fundamental para o funcionamento de serviços da empresa, desde filtros de spam no Gmail até o Google Assistente.
Ainda em fase experimental, o MUM (Multitask Unified Model), será 1.000 vezes mais poderoso que o Bert, um dos mais populares modelos de IA no mundo. Ele é capaz de ser treinado em 75 idiomas ao mesmo tempo – a maioria dos modelos precisa ser treinado em um idioma de cada vez.
A empresa mostrou também a nova geração de seus chips dedicados à inteligência artificial. Chamados de TPUS (do inglês, Tensor Processing Units), esses chips são desde 2015 o cérebro de alguns dos principais produtos da empresa, como Maps, Tradutor e a busca. Agora, a empresa chega à quarta geração dos TPUS.
Segundo o Google, um único chip da TPU v4 é duas vezes mais rápido que o TPU v3. Quando usado em conjunto com outros chips, o que é conhecido como TPU pod, a quarta geração é até 10 vezes mais rápida do que a terceira. O Google afirma que seu novo sistema é mais rápido do que qualquer outro já disponível comercialmente. Os sistemas são capazes de entregar 1 exaflop por segundo, ou quintilhão de operações por segundo. Os chips foram construídos para serem alocados dentro de centros de dados, e levam resfriamento líquido.
Com novos processadores, a empresa espera poder servir mais gente e permitir testes que outros modelos de inteligência artificial, mais poderosos.