O Estado de S. Paulo

O próximo centro de inovação global

- mauríciobe­nvenutti mauricio@startse.com É SÓCIO DA PLATAFORMA PARA STARTUPS STARTSE

Em 4 de dezembro de 2020, Delian Asparouhov, investidor do Founders Fund, um importante fundo de venture capital do Vale do Silício, postou em seu Twitter: “pessoal, e se nos mudarmos para Miami?” De imediato, Francis Suarez, prefeito de Miami, respondeu: “como posso ajudar?” Não demorou para isso se espalhar pela internet.

Ao longo da pandemia, a Califórnia, onde o Vale do Silício se encontra, perdeu residentes para outras regiões dos EUA. A pesada carga de impostos, o alto custo de vida e as rígidas leis comerciais estão entre as principais razões.

Antes de a Flórida surgir como potencial rota para os empregos de tecnologia, o Texas já havia se mostrado um destino popular. Segundo o New York Times, das 653 mil pessoas que deixaram a Califórnia em 2020, 82 mil foram para o Texas, mais do que para qualquer outro estado. A primeira onda de indivíduos e empresas que saiu da Califórnia inclui Elon Musk, que aumentou a presença dos seus negócios em território texano, a Hewlett-packard Enterprise, que migrará a sua sede para Houston, e a Oracle, que foi para Austin. Agora, parece que há uma segunda onda e uma outra direção. Segundo a Business Insider, o número de mudanças de São Francisco para a Flórida aumentou 46,2%. Quase 1.000 pessoas estão se transferin­do para lá todos os dias.

A hipótese de os empregos de tecnologia e venture capital irem a Miami ganhou força em 2021. A região é conhecida pelas atividades voltadas ao turismo e ao setor imobiliári­o, mas não pelo empreended­orismo de ponta. O sul da Flórida tem um dos maiores bolsões de riqueza dos EUA, mas muitos dos bilionário­s passam pouco tempo lá. Segundo o prefeito Francis Suarez, Spotify, Goldman Sachs e Blackstone – um dos maiores gestores de private equity do planeta – estão entre as companhias que mudarão suas sedes ou abrirão escritório­s permanente­s em Miami, levando milhares de trabalhos bem remunerado­s ao município. A Startse University, inclusive, lançou recentemen­te uma imersão de negócios na cidade.

Entretanto, esse movimento rumo a Texas e

Flórida é precursor de algo maior. De uma tendência que já acontece há anos, mas que foi potenciali­zada pela covid-19. O ecossistem­a de empreended­orismo é cada vez mais global e descentral­izado. O conhecimen­to deixou de ser concentrad­o e se tornou aberto. As oportunida­des para as startups só crescem. Hoje, o potencial é muito maior para mercados emergentes produzirem soluções transforma­doras. Basta ver o número de excelentes negócios criados no Brasil.

Miami chamou a atenção, sim. Mas o fato representa mais uma etapa desse fenômeno “anywhere” que vem provocando uma verdadeira dispersão dos hubs de inovação pelo mundo.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil