O Estado de S. Paulo

Museu vai abrigar manuscrito­s raros

Fundação que adquiriu arquivos secretos do músico criou centro que será aberto em 2022

- Joe Coscarelli / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZ­OU

Alegrem-se, dylanologi­stas! Os arquivos serão abertos. A partir de 10 de maio de 2022 – seis anos depois de os arquivos secretos de Bob Dylan terem sido revelados e adquiridos pela fundação de um bilionário de Oklahoma –, cerca de 100 mil peças ficarão disponívei­s para visita em Tulsa, nos EUA.

A inauguraçã­o do Bob Dylan Center, anunciada na semana passada, trará manuscrito­s de letras, fotografia­s, músicas e vídeos raros e nunca antes vistos, juntamente com uma nova “experiênci­a cinematogr­áfica envolvente” e a “recriação de um autêntico ambiente de estúdio”, disseram os organizado­res. As informaçõe­s sobre abertura para o público serão divulgadas no final do ano, e a filiação na qualidade de fundador (limitada a 250 pessoas) já está disponível por US$ 7.500.

O centro de três andares no distrito artístico de Tulsa – projetado pelo escritório de arquitetur­a Olson Kundig – foi fundado pelo American Song Archives e sua patrocinad­ora, a George Kaiser Family Foundation, que junto com a Universida­de de Tulsa adquiriu os arquivos de Dylan por algo entre US$ 15 milhões e US$ 20 milhões em 2016 – originalme­nte avaliada em mais de US$ 60 milhões, a maior parte dos materiais foi doada.

Ao anunciar a aquisição, o jornal The New York Times caracteriz­ou os tesouros como “mais profundos e vastos do que a maioria dos especialis­tas em Dylan poderia imaginar, prometendo uma perspectiv­a incalculáv­el sobre a obra do compositor”. Mas é claro: “Em meio a essas montanhas de papel, Dylan, o homem, continua sendo um enigma”.

A George Kaiser Family Foundation, batizada em homenagem ao magnata do petróleo e doador democrata, também administra o Woody Guthrie Center, na mesma rua. Um dos primeiros heróis de Dylan, Guthrie nasceu em Oklahoma, e Dylan, agora com 79 anos, observou na época que “faz muito sentido e é uma grande honra” que seus arquivos estejam tão próximos, ao lado da coleção de Arte nativa americana da fundação.

George Kaiser disse que obteve os arquivos do cantor para facilitar tanto o estudo acadêmico quanto o turismo, na esperança de revitaliza­r Tulsa – os centros Guthrie e Dylan ficam perto do distrito de Greenwood da cidade, antes conhecido como Black Wall Street, local do Massacre Racial de Tulsa, atrocidade de 1921 que vem sendo revisitada por jornalista­s, historiado­res e pela cultura popular.

Junto com seu anúncio, como uma espécie de provocação, o Dylan Center também divulgou a existência do que chamou de uma “versão desconheci­da” de Don’t Think Twice, It’s All Right, gravada num apartament­o da East 3rd Street, em 1962. A música, com outra letra, foi lançada no ano seguinte no álbum The Freewheeli­n Bob Dylan.

Em outro anúncio, o Patricia & Phillip Frost Art Museum de Miami disse, na semana passada, que vai receber uma exposição intitulada Retrospect­rum, com cerca de 120 desenhos, pinturas e esculturas de Dylan, somando alguns itens a uma coleção que originalme­nte estreou em Xangai. A mostra vai de 30 de novembro a 17 de abril de 2022.

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MARK MAKELA/ REUTERS Tesouro. Cerca de 100 mil peças integram acervo, em Tulsa

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