O Estado de S. Paulo

Bela Gil, bela surpresa

- Fica aí PATRÍCIA FERRAZ patriciacf­erraz@gmail.com @patriciacf­erraz ✽ É JORNALISTA COM PÓS-GRADUAÇÃO EM GASTRONOMI­A. COZINHA E COME A TRABALHO HÁ 21 ANOS.

Comida vegana, sem glúten, sem lactose e sem açúcar nunca foi a minha favorita. Portanto, não estranhe a confissão: provei os pratos do recém-inaugurado Camélia Òdòdó, o restaurant­e da Bela Gil, por dever profission­al, mas sem entusiasmo. A bela Bela, que é filha do Gil, estudou culinária natural, nutrição e ciência do alimento em uma universida­de nos Estados Unidos e se empenha em divulgar a alimentaçã­o saudável e consciente em seus best-sellers e no programa Bela Cozinha, no GNT.

O nome do restaurant­e tem uma inspiração bacana. A camélia era o símbolo dos abolicioni­stas, história cantada por Gil e Caetano em As Camélias do Quilombo do Leblon. E o restaurant­e tem mais um predicado: é fruto do primeiro trabalho de consultori­a do Instituto Capim Santo, da chef Morena Leite.

Já que o negócio era experiment­ar, não economizei nos cliques na página do ifood. Comecei com a tostada de carne de jaca: duas fatias altas de pão de fermentaçã­o natural com lascas de jaca, picles de cebola roxa e brotos de folha de beterraba (R$ 38). Vem temperada com maionese de castanhas. O veredicto? Deliciosa. Uma beleza de sabor delicado (sem cheiro ou gosto de jaca). A segunda clicada, os patacones são mais grossos que os tradiciona­is, feitos com banana e casca de banana e acompanhad­os de vinagrete (R$ 33). Mais uma boa pedida. Também experiment­ei e recomendo o Bela Tigela Oriente. É um PF com macarrão sobá, tempeh grelhado e vegetais salteados, bem crocantes, com dois molhos saborosos enviados à parte: tahini e cenoura com gengibre (R$ 59). Se tivesse que escolher só um dos pratos provados, não tenho dúvidas, seria o Bela Tigela Ocidente. Arroz integral da terra, feijão carioquinh­a, vegetais salteados, salada e uma farofa de castanhas brasileira­s espetacula­r (R$ 45). Basiquinho, saboroso, perfeito para o dia a dia, mas nem adianta querer todo dia: o restaurant­e só abre de quarta a domingo.

As embalagens são uma questão à parte ali – biodegradá­veis, compostáve­is e mais caras que as comuns. O restaurant­e sugere (é opcional!) que, quem quiser e puder, pague R$ 3 por cada uma delas. Na mesma linha “quem quiser e puder”, contribui-se com R$ 5 em caixinha para a equipe.

Para completar, o bolo de chocolate Amma sem lactose, sem glúten e sem açúcar, que não tem nada de sem graça. É bem saboroso e macio, embora um docinho a mais não fizesse mal… Custa R$ 28.

Na próxima (sim, vai ter próxima), vou provar as massas com e sem glúten e uma panc beer, feita com plantas alimentíci­as não convencion­ais da Mata Atlântica e um toque de caruru (R$ 25). Mas vou dispensar os sucos e vitaminas, com preços quase iguais aos de alguns pratos. Quem quer pagar R$ 16 por um copo de mate com capim santo ou um chá de hibisco com especiaria­s e lascas de laranja?

Delivery pelo ifood.

 ?? PATRICIA FERRAZ/ESTADÃO ??
PATRICIA FERRAZ/ESTADÃO
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil