Bela Gil, bela surpresa
Comida vegana, sem glúten, sem lactose e sem açúcar nunca foi a minha favorita. Portanto, não estranhe a confissão: provei os pratos do recém-inaugurado Camélia Òdòdó, o restaurante da Bela Gil, por dever profissional, mas sem entusiasmo. A bela Bela, que é filha do Gil, estudou culinária natural, nutrição e ciência do alimento em uma universidade nos Estados Unidos e se empenha em divulgar a alimentação saudável e consciente em seus best-sellers e no programa Bela Cozinha, no GNT.
O nome do restaurante tem uma inspiração bacana. A camélia era o símbolo dos abolicionistas, história cantada por Gil e Caetano em As Camélias do Quilombo do Leblon. E o restaurante tem mais um predicado: é fruto do primeiro trabalho de consultoria do Instituto Capim Santo, da chef Morena Leite.
Já que o negócio era experimentar, não economizei nos cliques na página do ifood. Comecei com a tostada de carne de jaca: duas fatias altas de pão de fermentação natural com lascas de jaca, picles de cebola roxa e brotos de folha de beterraba (R$ 38). Vem temperada com maionese de castanhas. O veredicto? Deliciosa. Uma beleza de sabor delicado (sem cheiro ou gosto de jaca). A segunda clicada, os patacones são mais grossos que os tradicionais, feitos com banana e casca de banana e acompanhados de vinagrete (R$ 33). Mais uma boa pedida. Também experimentei e recomendo o Bela Tigela Oriente. É um PF com macarrão sobá, tempeh grelhado e vegetais salteados, bem crocantes, com dois molhos saborosos enviados à parte: tahini e cenoura com gengibre (R$ 59). Se tivesse que escolher só um dos pratos provados, não tenho dúvidas, seria o Bela Tigela Ocidente. Arroz integral da terra, feijão carioquinha, vegetais salteados, salada e uma farofa de castanhas brasileiras espetacular (R$ 45). Basiquinho, saboroso, perfeito para o dia a dia, mas nem adianta querer todo dia: o restaurante só abre de quarta a domingo.
As embalagens são uma questão à parte ali – biodegradáveis, compostáveis e mais caras que as comuns. O restaurante sugere (é opcional!) que, quem quiser e puder, pague R$ 3 por cada uma delas. Na mesma linha “quem quiser e puder”, contribui-se com R$ 5 em caixinha para a equipe.
Para completar, o bolo de chocolate Amma sem lactose, sem glúten e sem açúcar, que não tem nada de sem graça. É bem saboroso e macio, embora um docinho a mais não fizesse mal… Custa R$ 28.
Na próxima (sim, vai ter próxima), vou provar as massas com e sem glúten e uma panc beer, feita com plantas alimentícias não convencionais da Mata Atlântica e um toque de caruru (R$ 25). Mas vou dispensar os sucos e vitaminas, com preços quase iguais aos de alguns pratos. Quem quer pagar R$ 16 por um copo de mate com capim santo ou um chá de hibisco com especiarias e lascas de laranja?
Delivery pelo ifood.