Crescimento da mobilidade elétrica exige bons profissionais
Instituições de ensino superior têm incorporado cursos para formação de mão de obra qualificada
Até bem pouco tempo, o profissional que desejasse aprofundar seus conhecimentos em mobilidade elétrica contava com raras opções em centros de ensino relevantes. Aos poucos, com o avanço dessa fonte de energia e dos próprios veículos elétricos, a necessidade de capacitação vem transformando esse cenário. Atualmente, existem exemplos em todo o Brasil de instituições que têm ofertado cursos nesse sentido para os mais diversos perfis de profissionais.
Nesse contexto, é importante mencionar a ação da Cooperação Técnica Brasil-alemanha para o Desenvolvimento Sustentável, realizada pela GIZ, que desenvolve a iniciativa Profissionais para Energias do Futuro e a Plataforma Nacional da Mobilidade Elétrica (PNME). Esses projetos reúnem diferentes atores de instituições de ensino superior do País e do setor produtivo, em parceria com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), para discutir e propor disciplinas a serem implementadas nesses cursos. Desde o início deste ano, quatro delas foram incorporadas aos currículos de instituições: “Mobilidade de baixa emissão: eficiência energética e tecnologias de eletrificação veicular”; “Gestão estratégica da eletromobilidade”; “Panorama da eletromobilidade: veículos, infraestrutura e integração com a rede elétrica”; e “Sistemas de armazenamento de energia para mobilidade elétrica: tecnologias e interfaces veículo/infraestrutura”.
CURSOS ABERTOS A TODOS
Uma dessas instituições é a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que passou a oferecer, neste ano, a disciplina “Panorama da mobilidade elétrica: veículos elétricos, infraestrutura de recarga e integração com a rede elétrica” como pós-graduação na Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação. A matéria destaca a eletromobilidade no funcionamento dos veículos, integração com rede elétrica, além de seus impactos energéticos e ambientais.
A mesma instituição inaugurou, em maio, o curso “Mobilidade elétrica: políticas, planejamento e oportunidades de negócio”, oferecido pela Escola de Extensão da Unicamp, organizado pela professora e especialista em mobilidade elétrica Flavia Consoni. “O curso nasceu de um benchmarking no Brasil e em alguns países como Holanda, Alemanha e França. No total, são 40 horas tratando de temas como tecnologia na cadeia de inovação, ecossistema de negócios e políticas públicas”, diz Consoni.
Ela explica ainda que um dos objetivos da extensão, que pode ser cursada por qualquer pessoa – ou seja, graduados em qualquer curso ou mesmo não graduados –, é dar subsídios a quem deseja empreender. “É muito importante fornecer uma visão do ecossistema de inovação, a dinâmica do setor precisa ser entendida. Além disso, falamos de políticas científicas e públicas, o que permite aos participantes enxergarem modelos de negócio”, explica. De acordo com ela, entre os inscritos estão estudantes de diversos cursos de pós-graduação e consultores do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap).
Outro exemplo vem do Programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Santa Maria (PPGEE – UFSM), que teve, em outubro do ano passado, suas primeiras aulas da disciplina “Electric mobility: electric vehicles, infrastructure and integration
with the electricity grid” (“Mobilidade elétrica: veículos elétricos, infraestrutura e integração com a rede”). O curso, que é optativo para os alunos de mestrado e doutorado da instituição, conta com carga de 60 horas e teve todas as suas vagas preenchidas. São, no total, 34 estudantes, 28 homens e 6 mulheres, que formam a primeira turma de uma disciplina sobre mobilidade elétrica da universidade. Neste ano, as aulas começaram em 18/5.