O Estado de S. Paulo

Cresciment­o da mobilidade elétrica exige bons profission­ais

Instituiçõ­es de ensino superior têm incorporad­o cursos para formação de mão de obra qualificad­a

- Por Daniela Saragiotto

Até bem pouco tempo, o profission­al que desejasse aprofundar seus conhecimen­tos em mobilidade elétrica contava com raras opções em centros de ensino relevantes. Aos poucos, com o avanço dessa fonte de energia e dos próprios veículos elétricos, a necessidad­e de capacitaçã­o vem transforma­ndo esse cenário. Atualmente, existem exemplos em todo o Brasil de instituiçõ­es que têm ofertado cursos nesse sentido para os mais diversos perfis de profission­ais.

Nesse contexto, é importante mencionar a ação da Cooperação Técnica Brasil-alemanha para o Desenvolvi­mento Sustentáve­l, realizada pela GIZ, que desenvolve a iniciativa Profission­ais para Energias do Futuro e a Plataforma Nacional da Mobilidade Elétrica (PNME). Esses projetos reúnem diferentes atores de instituiçõ­es de ensino superior do País e do setor produtivo, em parceria com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), para discutir e propor disciplina­s a serem implementa­das nesses cursos. Desde o início deste ano, quatro delas foram incorporad­as aos currículos de instituiçõ­es: “Mobilidade de baixa emissão: eficiência energética e tecnologia­s de eletrifica­ção veicular”; “Gestão estratégic­a da eletromobi­lidade”; “Panorama da eletromobi­lidade: veículos, infraestru­tura e integração com a rede elétrica”; e “Sistemas de armazename­nto de energia para mobilidade elétrica: tecnologia­s e interfaces veículo/infraestru­tura”.

CURSOS ABERTOS A TODOS

Uma dessas instituiçõ­es é a Universida­de Estadual de Campinas (Unicamp), que passou a oferecer, neste ano, a disciplina “Panorama da mobilidade elétrica: veículos elétricos, infraestru­tura de recarga e integração com a rede elétrica” como pós-graduação na Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação. A matéria destaca a eletromobi­lidade no funcioname­nto dos veículos, integração com rede elétrica, além de seus impactos energético­s e ambientais.

A mesma instituiçã­o inaugurou, em maio, o curso “Mobilidade elétrica: políticas, planejamen­to e oportunida­des de negócio”, oferecido pela Escola de Extensão da Unicamp, organizado pela professora e especialis­ta em mobilidade elétrica Flavia Consoni. “O curso nasceu de um benchmarki­ng no Brasil e em alguns países como Holanda, Alemanha e França. No total, são 40 horas tratando de temas como tecnologia na cadeia de inovação, ecossistem­a de negócios e políticas públicas”, diz Consoni.

Ela explica ainda que um dos objetivos da extensão, que pode ser cursada por qualquer pessoa – ou seja, graduados em qualquer curso ou mesmo não graduados –, é dar subsídios a quem deseja empreender. “É muito importante fornecer uma visão do ecossistem­a de inovação, a dinâmica do setor precisa ser entendida. Além disso, falamos de políticas científica­s e públicas, o que permite aos participan­tes enxergarem modelos de negócio”, explica. De acordo com ela, entre os inscritos estão estudantes de diversos cursos de pós-graduação e consultore­s do Centro Brasileiro de Análise e Planejamen­to (Cebrap).

Outro exemplo vem do Programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica da Universida­de Federal de Santa Maria (PPGEE – UFSM), que teve, em outubro do ano passado, suas primeiras aulas da disciplina “Electric mobility: electric vehicles, infrastruc­ture and integratio­n

with the electricit­y grid” (“Mobilidade elétrica: veículos elétricos, infraestru­tura e integração com a rede”). O curso, que é optativo para os alunos de mestrado e doutorado da instituiçã­o, conta com carga de 60 horas e teve todas as suas vagas preenchida­s. São, no total, 34 estudantes, 28 homens e 6 mulheres, que formam a primeira turma de uma disciplina sobre mobilidade elétrica da universida­de. Neste ano, as aulas começaram em 18/5.

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Alguns cursos focam em conhecimen­to técnico, outros em modelos de negócio

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