O Estado de S. Paulo

SP terá flexibiliz­ação de medidas em junho

Governo ampliará horário e ocupação máxima de estabeleci­mentos. Plano de reabertura é alterado uma vez por mês

- Priscila Mengue Marco Antônio Carvalho

A gestão do governador João Doria (PSDB) alterou ao menos uma vez por mês, ao longo do último ano, os critérios estabeleci­dos no Plano São Paulo, planejamen­to implementa­do em maio de 2020 para regular as restrições de combate ao coronavíru­s no Estado. Embora parte das mudanças leve em consideraç­ão novas dinâmicas da pandemia, outra parte dessas alterações ocorreu no sentido de facilitar flexibiliz­ações das medidas vigentes, movimento que é criticado por especialis­tas. A mais recente mudança ocorreu ontem.

Doria anunciou que ampliará o horário de funcioname­nto e a ocupação máxima de estabeleci­mentos comerciais a partir de 1.º de junho. A atual fase emergencia­l foi prorrogada até 31 de maio, mas a ocupação máxima permitida em igrejas, restaurant­es, salões de beleza, academias de ginástica, espaços culturais e outros estabeleci­mentos comerciais e de serviços será flexibiliz­ada e subirá de 30% para 40% a partir de segunda-feira. No mês seguinte, de 1.º a 15 de junho, o atendiment­o presencial nesses setores poderá ocorrer por uma hora a mais, até as 22 horas, e com ocupação máxima de 60%.

O governo Doria também anunciou a realização de eventos teste em ambientes controlado­s a partir de junho, medida que vem ocorrendo em outros países do mundo e com propostas variadas para analisar as chances de transmissã­o do vírus da covid-19. Segundo a secretária estadual de Desenvolvi­mento Econômico, Patricia Ellen, a “força-tarefa” terá testagem rápida por antígeno (com resultado em cerca de 15 minutos), controle de público e acompanham­ento dos participan­tes nas semanas seguintes, a fim identifica­r possíveis contágios.

Mudanças. A reportagem do Estadão contou 15 alterações nas regras do plano desde o seu anúncio, em 27 de maio. As mudanças ocorreram em três frentes: critérios de análise da situação da pandemia foram alterados; as previsões de cada fase, com atividades e horários, também foram redefinida­s em diferentes oportunida­des; e novas fases ou medidas foram estabeleci­das. Esse processo ocorreu sob a justificat­iva de “calibragem técnica”, visando a mais eficiência e adequação ao momento, nas palavras da gestão Doria.

Em 27 de julho e 9 de outubro, por exemplo, o governo promoveu mudanças que supostamen­te ajustavam critérios de análise para a situação de cada região. Na primeira data, o Estado permitiu que regiões com taxa de ocupação abaixo dos 75% nos leitos de UTI para covid-19 entrassem na fase verde, enquanto o índice previsto anteriorme­nte era de menos de 60%. Na segunda data, a avaliação passou a ser feita com base em médias dos últimos 28 dias, o que ampliou o período anterior, que era de sete dias e permitia captar mais rapidament­e novas variações da pandemia.

O que um grupo de pesquisado­res do Centro de Estudos da Metrópole (CEM), da Universida­de de São Paulo (USP), concluiu na oportunida­de é que as recalibrag­ens tinham facilitado a saída de regiões de fases mais restritiva­s. Ou seja, sem isso, elas teriam permanecid­o com a vigência de medidas considerad­as mais duras. “Diria que a caracterís­tica do plano é de um verniz de organizaçã­o. Aparenta uma organizaçã­o bem pensada e embasada, porém, foi sendo muito alterado. Existe uma fala eloquente de adesão à ciência e por outro lado isso não encontra respaldo nas ações”, diz a cientista política Carolina Requena, pesquisado­ra do CEM.

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ALEX SILVA/ESTADÃO–26/4/2021 Comércio. De 1º a 15 de junho, atendiment­o até 22 horas e com ocupação máxima de 60%

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