Heleno agora diz que Centrão não existe
Antes crítico do Centrão, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, afirmou, ontem, que o bloco informal de partidos de centro não existe mais.
Durante a campanha eleitoral de 2018, em uma convenção do ex-partido de Jair Bolsonaro, Heleno chamou o Centrão de “materialização da impunidade” e fez uma paródia de um samba do cantor Bezerra da Silva, insinuando que os integrantes do bloco são ladrões. “Se gritar pega Centrão, não fica um meu irmão”, cantou no evento.
De lá pra cá, no entanto, a reunião de legendas (como Progressistas, PL e Republicanos) se transformou na base de apoio ao governo Bolsonaro no Congresso. O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-al), foi eleito com o apoio do Planalto. Além disso, os parlamentares dessas siglas foram favorecidos pelo esquema do orçamento secreto revelado pelo Estadão.
Em audiência, ontem, na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, Heleno, no entanto, chamou de “brincadeira” as falas de 2018 e disse que o bloco não existe mais. “Sobre Centrão, aquela brincadeira que eu fiz foi numa convenção do PSL na campanha eleitoral. Naquela época, existia à disposição, na mídia, várias críticas ao Centrão. Não quer dizer que hoje exista Centrão. Isso foi muito modificado ao longo do tempo. E eu não tenho hoje essa opinião”, disse ele em resposta a um questionamento do deputado Kim Kataguiri (DEM-SP).
O ministro foi convocado à comissão para prestar esclarecimentos sobre a disseminação de notícias falsas a respeito da pandemia pelo presidente da República. O requerimento da convocação era de autoria de Kataguiri.