Brasil confirma chegada de voo com deportados
Pelo menos 106 brasileiros deportados pelos EUA por atravessar a fronteira ilegalmente chegarão ao País amanhã. A viagem foi confirmada ontem pelo Itamaraty. A deportação foi revelada pelo Estadão no domingo. Segundo o Ministério de Relações
Exteriores, o processo ocorre integralmente sob jurisdição dos EUA.
Conforme o Estadão informou, o governo do presidente, Joe Biden, também vem recorrendo a voos fretados para a deportação de imigrantes ilegais, medida usada por seu antecessor, Donald Trump, em meio a uma contestada política e uma retórica anti-imigração.
“O governo brasileiro foi notificado do voo e acompanha os desdobramentos, com vistas a assegurar que aos cidadãos brasileiros deportados seja estendido tratamento digno”, diz a nota do Itamaraty. Ainda de acordo com a chancelaria, a realização do voo tem como objetivo reduzir o tempo de permanência dessas pessoas em centros de detenção nos EUA, no contexto da pandemia. “As repartições consulares brasileiras nos
aEUA seguem prestando toda a assistência consular cabível aos cidadãos brasileiros ainda detidos naquele país”, acrescenta o comunicado.
Muitos imigrantes, acreditando que o governo Biden seria mais receptivo, têm tentado entrar nos EUA desde que ele assumiu a Casa Branca, em 20 de janeiro. Com isso, aumentou o fluxo dos que chegam ilegalmente pela fronteira com México.
Autoridades que acompanham o tema e organizações de apoio aos imigrantes têm relatado o crescimento do contingente de brasileiros que tentam entrar nos EUA. O número, segundo estimativas feitas por pessoas que lidam com a questão, é equivalente ou até superior ao patamar registrado em 2019, quando a imigração ilegal por brasileiros bateu recordes.
O total de brasileiros que chegaram aos EUA ilegalmente começou a crescer em 2015, mas ainda se mantinha em patamares baixos. O grande pico nas apreensões pela Patrulha de
Fronteira dos EUA aconteceu em 2019, quando chegou a 18 mil casos – no ano anterior, haviam sido 1,6 mil. No ano passado, as travessias caíram em razão dos bloqueios de viagem durante a pandemia e à política do governo Trump, que incluiu os brasileiros no protocolo conhecido como “Fique no México”, que remetia ao país vizinho os estrangeiros ilegais apreendidos pelo serviço de fronteira, para que esperassem fora do território americano pela análise dos pedidos de asilo.