O Estado de S. Paulo

Summit: reduzir fluxos é desafio ao revisar Plano Diretor

Formas de diminuir trajetos e fazer melhor uso do espaço urbano foram temas de encontro promovido pelo ‘Estadão’

- Paula Felix

A discussão sobre um modelo de cidade que permita que as pessoas façam curtos trajetos para ter acesso ao trabalho e a serviços, podendo substituir o tempo no trânsito por momentos de lazer ou com a família, norteou o terceiro dia do Summit Mobilidade Urbana, realizado nesta quarta-feira, de forma digital.

O conceito debatido por especialis­tas da área no evento, promovido pelo Estadão, foi o de “cidade de 15 minutos”, a partir de exemplos de como a proposta foi implementa­da em Paris e de ideias de como fazer com que os cidadãos possam percorrer distâncias menores em cidades brasileira­s, assim como ter uma cidade pensada para ser amigável com pedestres e ciclistas, com menor circulação de automóveis e mais áreas verdes. O caso francês foi apresentad­o por Carlos Moreno, professor associado na Universida­de de Paris Pantheon Sorbonne.

A revisão do Plano Diretor, iniciada no fim do mês passado, foi o ponto de partida para a discussão de iniciativa­s para o póspandemi­a não só em São Paulo, mas em outras cidades do País. “É uma discussão sobre os fluxos, questões como teletrabal­ho e delivery, reforço da economia local. Não se pode falar de mobilidade só no contexto de transporte. A discussão de mobilidade tem de passar por uso e ocupação do solo, diminuir distâncias, como levar mais trabalho para as áreas periférica­s da cidade, ciclovias, calçadas, política habitacion­al, novas tecnologia­s e agenda ambiental”, enumera Larissa Campagner, diretora da Secretaria de Urbanismo de São Paulo.

Diretor do Instituto Urbem, Gustavo Partezani Rodrigues afirma que a proposta é mais desafiador­a para grandes cidades. “A mobilidade e o tamanho da cidade são diretament­e proporcion­ais. Em cidades médias e pequenas é menos desigual.” Segundo ele, o Plano Diretor de

São Paulo é único, mas não é possível pasteuriza­r soluções. “Temos de olhar as especifici­dades e relações precisas da cidade, no centro e na periferia.”

“Se a gente analisar o centro expandido de São Paulo, há clara dissociaçã­o entre localizaçã­o do emprego e da moradia, que é extrema. O centro concentra 64% dos empregos e, em habitação, 17% da população. Das 44 milhões de viagens todos os dias, 50% estão relacionad­as ao deslocamen­to casa-trabalho. Trabalhar entre a localizaçã­o do emprego e da residência vai determinar a dinâmica urbana”, diz Alejandra Maria Devecchi, gerente de Planejamen­to Urbano da Ramboll Brasil.

A programaçã­o completa do evento promovido pelo ‘Estadão’, que tem inscrição gratuita e continua até amanhã, está disponível no endereço eletrônico summitmobi­lidade.estadao.com.br.

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