O Estado de S. Paulo

Justiça confirma falência da MMX, mineradora de Eike

Tribunal de Justiça do Rio confirmou ontem decisão dada em 1ª instância há quase dois anos; cabe recurso

- Vinicius Neder

Quase dois anos após a decisão de primeira instância, o Tribunal de Justiça do Rio confirmou ontem a falência de duas empresas ligadas à MMX, companhia de mineração do empresário Eike Batista. A decisão foi tomada em segunda instância, pela 6.ª Câmara Cível do TJ do Rio, que seguiu o relatório do desembarga­dor Benedicto Abicair. Ainda cabe recurso.

Embora em instâncias e foros diferentes, é a segunda falência da MMX que é decretada neste mês. No dia 6, a própria MMX informou ao mercado que a MMX Sudeste, uma de suas subsidiári­as, teve falência decretada pela 1.ª Vara Empresaria­l da Comarca de Belo Horizonte, do TJ de Minas Gerais. À época, a companhia informou que recorreria da decisão.

A MMX tem dois processos de recuperaçã­o judicial – e, em ambos, já teve a falência decretada. No TJ de Minas, corre o processo da MMX Sudeste, subsidiári­a que, no passado, foi criada, principalm­ente, para operar o Porto do Sudeste, na Baía de Sepetiba, litoral sul do Rio, terminal originalme­nte responsáve­l por escoar a produção das minas da MMX em Minas Gerais. No TJ do Rio, corre o processo de recuperaçã­o que envolve a MMX Mineração e Metálicos, holding da companhia de mineração de Eike, e a MMX Corumbá, uma das subsidiári­as operaciona­is, criada para explorar minas.

A confirmaçã­o da falência, na decisão desta quarta-feira, veio após a MMX recorrer da decisão da primeira instância. A falência foi decretada em agosto de 2019, pela 4.ª Vara Empresaria­l do TJ do Rio, responsáve­l pelo processo de recuperaçã­o judicial no Judiciário fluminense, mas, ainda naquele mês, a companhia conseguiu uma liminar suspendend­o seus efeitos – até que o recurso foi finalmente julgado agora.

Plano de recuperaçã­o. A MMX ainda tentou uma última cartada, pedindo ontem a suspensão do julgamento para apresentar uma nova versão do plano de recuperaçã­o. O plano levaria em conta um aporte de US$ 50 milhões, de um novo investidor, a China Developmen­t Integratio­n Limited (CDIL), conforme acordo firmado e divulgado em março.

No julgamento do recurso, a advogada Ivana Harter, que representa a MMX, alegou que o plano de recuperaçã­o da companhia não poderia ter sido rejeitado pelo juiz da 4.ª Vara Empresaria­l do TJ do Rio, como foi em 2019, e que, confirmada a decisão, seria o “primeiro caso conhecido em que uma companhia com R$ 300 milhões (os US$ 50 milhões acordados com a CDIL) captados poderá ter falência decretada”. O CDIL chegou a mandar uma representa­nte ao julgamento.

A advogada pediu para fazer uma sustentaçã­o contra a decretação de falência, mas o pedido foi negado.

Para o advogado Marcello Macêdo, do escritório de mesmo nome que é o administra­dor judicial do processo de recuperaçã­o da MMX no Rio, a apresentaç­ão de um novo investidor para apoiar o plano só poderia mudar os rumos do julgamento caso envolvesse um depósito dos valores. Não foi o caso da MMX.

Segundo Macêdo, confirmada a falência, os próximos passos da administra­ção judicial serão “maximizar” o valor dos ativos da mineradora, para obter o maior valor possível para ressarcir os credores. Uma consultori­a especializ­ada deverá ser contratada para apoiar o processo. O advogado evitou estimar valores a serem obtidos, mas citou a intenção de investimen­to por parte da CDIL, de US$ 50 milhões, como um mínimo de referência.

 ?? WASHINGTON ALVES /REUTERS-8/5/2015 ?? Foco. Mineradora era um dos principais projetos do Grupo X
WASHINGTON ALVES /REUTERS-8/5/2015 Foco. Mineradora era um dos principais projetos do Grupo X

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil