A surpresa de ‘Mare of Easttown’
Ator comenta sobre o destino de seu personagem na série ‘Mare of Easttown’
Antes, um aviso: a entrevista a seguir contém spoilers importantes a respeito do episódio 5 da série Mare of Easttown.
Quando o detetive Colin Zabel (Evan Peters) chega à comunidade sombria e insular de classe trabalhadora de Easttown, na Pensilvânia, ele é o jovem bem-sucedido do condado, enviado para tomar conta da problemática detetive Mare Sheehan (Kate Winslet) enquanto ela investiga o assassinato de uma mãe adolescente.
Mas, à medida que a minissérie da HBO Mare of Easttown se desenrolava, ficou claro nas últimas semanas que os instintos de Colin não eram tão aguçados quanto os de Mare. E, apesar de todos os segredos embaraçosos de Mare, Colin também tem os seus – como a verdade por trás de seu papel no importante caso que construiu sua reputação e a triste revelação de que ele ainda vive com sua mãe.
Ele precisa de uma vitória tão desesperadamente quanto Mare. Mas essa vitória já era. No chocante quinto episódio da minissérie, Colin e Mare estão perto da conclusão do mesmo arco redentor, aproximando-se de um suspeito que pode ser responsável pelo sequestro e possível assassinato de várias jovens da região. Quando encontram o suspeito, ele está escondido em um bar abandonado, onde mantém duas das mulheres desaparecidas presas a sete chaves.
Assim que as coisas começam a ficar realmente tensas: Boom! Com um tiro na cabeça, Colin morre. Os fãs da série talvez ainda estejam chocados, mas Peters parece perfeitamente feliz pela causa da morte de Colin.
“Gosto da ideia de que ele leva um tiro, porque é muito real”, disse Peters, em uma videochamada de Los Angeles. “É assim que são doença e morte. Acontecem das maneiras mais inesperadas. Você nunca planeja ficar doente. Você nunca planeja morrer. Tudo simplesmente acontece.”
Peters não parece nada decepcionado com o destino de Colin. Seu personagem pode estar no caminho certo para resolver o caso e até mesmo tentar um futuro romântico com Mare, mas tal destino parece visivelmente fora de lugar no iceberg fictício de Easttown, situado nos arredores de Filadélfia, onde todos os personagens estão simplesmente lidando com as situações da vida – e geralmente não tão bem.
Entre as gravações, ele falou de todo o trabalho necessário para criar um personagem fadado a morrer, como foi atuar ao lado de sua atriz favorita e dos deliciosos sanduíches da Filadélfia.
• Quando e como você descobriu que Colin não sobreviveria ao quinto episódio?
Bem, peguei o roteiro dos episódios 1 a 5 (ou talvez 6) e li todos. E, obviamente, Colin morre no quinto (risos). Aceitei o inevitável, na falta de uma desculpa melhor. Fiquei absolutamente chocado quando li isso, já esperava e meio que sabia que o público ficaria chocado também, se construíssemos Colin da maneira certa.
• Nessa altura, o público está fortemente interessado no papel de Colin na investigação e na vida de Mare e, provavelmente, você também. Como processou a perda, do ponto de vista de alguém que acompanhava a trama?
Eu estava animado com a ideia de que isso aconteceria, para criar todo este personagem e formular todo o enredo, então é quase como se tivéssemos nos preparado para aquele momento. É uma maneira interessante de desenvolver um personagem, sabendo que ele vai morrer desta forma. Para mim, parecia muito real, e fala do perigo de estar nesta área de trabalho. Isso me lembrou daquele momento em Queime Depois de Ler, no qual Brad Pitt leva um tiro na testa no armário – é engraçado, mas também muito chocante; queríamos provocar esse tipo de sensação quando isso acontecesse.
• Você se sentiu mal pelo fim do seu personagem?
Realmente não pensei muito a respeito disso. Havia uma maneira diferente de interpretar Colin, que é descompensada e um pouco mais arrogante por sua síndrome de impostor. Senti que queria ficar longe disso, porque realmente não me importaria se aquele cara levasse um tiro, sabe? (Risos) Eu me importaria mais se ele fosse um cara simpático por quem você estava torcendo, querendo ver crescer e ser uma pessoa melhor, uma espécie de amadurecimento.
‘GOSTO DE FILMAR ONDE A TRAMA SE PASSA, CONHECER AS PESSOAS, A COMIDA’
• O conflito do seu personagem é que ele não é o competente que parece ser. Como você descreveria essa trajetória?
Isso é exatamente o que eu estava fazendo com esse personagem o tempo todo. Como detetive, ele está apenas tentando melhorar. Ele assumiu o crédito por esta informação (em um caso anterior) que não era realmente dele, e ele a usou porque, na minha opinião, estava muito travado e só queria avançar. Ele está pensando: “Talvez isso resolva. Farei algo ótimo. Vou impressionar minha mãe. Vou impressionar a todos ao meu redor e resolver todos os meus problemas”. Mas ele rapidamente percebe que é mentira. Não é real e cria um buraco dentro dele.
• O que foi necessário para se preparar para o papel?
Em primeiro lugar, foi incrível filmar na Filadélfia. É sempre bom poder filmar onde a história se passa, porque você pode sair, comer a comida, conhecer as pessoas, conversar, aprender o sotaque, sentir a energia da cidade e dos arredores para entrar de fato na história. Eu realmente não gosto de filmar em estúdios, porque isso simplesmente tira toda a sensação de realidade. Fui ao Reading Terminal Market e ao Tommy Dinic’s e comprei os sanduíches de bife com queijo e todos os tipos de coisas locais; visitei tudo e realmente tentei me conectar com o lugar.
• A maioria de suas cenas são contracenando com Kate Winslet. Isso foi intimidante?
Kate é uma pessoa incrivelmente humilde, que se preocupa muito com todos os envolvidos. Foi confortável, ela rapidamente cortou o estresse e o nervosismo pela raiz. Era como se estivéssemos todos juntos para fazer a melhor minissérie que pudéssemos.