O Estado de S. Paulo

Sextech inova com plataforma de contos eróticos em áudio

Startup Tela Preta fatura R$ 220 mil no primeiro ano e surfa no sucesso dos nichos de bem-estar sexual e de podcast

- Marina Dayrell

De um lado, um segmento que ganhou bastante com o cansaço das telas: o setor de áudio e voz. Do outro, um mercado que chamou a atenção dos consumidor­es na pandemia: o de bem-estar sexual. Da junção desses dois, lá em 2020, quatro sócios criaram uma startup de contos eróticos narrados.

A ideia da Tela Preta é prépandemi­a, mas teve de ser colocada no ar às pressas quando os empreended­ores perceberam que o isolamento social se tornaria uma realidade no Brasil. Os dados atestam que a decisão foi acertada. A consultori­a KBV Research estima que o mercado de bem-estar sexual deve movimentar globalment­e US$ 125 bilhões até 2026.

De acordo com uma pesquisa do Portal Mercado Erótico, o número de empreended­ores no setor triplicou no Brasil em 2020. Foram criadas as chamadas sextechs (startups do segmento sexual) e até grandes varejistas de outros setores começaram a investir, como a Amaro.

O setor de áudio não fica atrás, com os podcasts. Segundo pesquisa feita pela Kantar Ibope e por O Globo, o número de brasileiro­s que ouvem podcast regularmen­te aumentou 33% no ano passado, totalizand­o 28 milhões de pessoas. O Spotify atribuiu o recorde de 30 milhões de novos assinantes premium, conquistad­o no ano passado, à estratégia de priorizaçã­o dos podcasts às músicas.

“Passando mais tempo em casa, as pessoas estão escutando mais áudio. Já existem empresas de áudio erótico fora do Brasil que registrara­m aumento de download. Já vemos startups recebendo investimen­tos”, explica Lídia Cabral, especialis­ta em tecnologia e inovação e fundadora da Tech4sex, plataforma de tendências e pesquisas em sextechs. Uma dessas startups é a espanhola Emjoy, que levantou uma rodada de capital semente de ¤ 3 milhões em 2020.

Por aqui, a brasileira Tela Preta funciona por assinatura­s, que vão de R$ 14,99 por mês a R$ 149,90 por ano. Por esses valores, o cliente acessa os cerca de 200 áudios eróticos da plataforma. “Os contos variam em estilo e duração, mas o que temos pedido para os narradores é tentar manter uma média entre 7 a 10 minutos de áudio”, explica Laís Conter, cofundador­a da empresa ao lado de outros três sócios.

Ao longo de quase um ano e meio de existência, a startup já atingiu 5 mil clientes, a maior parte composta por mulheres de 25 a 35 anos. A startup – cujo nome nasceu porque o idealizado­r, Fábio Chap, gravava os áudios tapando a câmera do celular com uma fita isolante – fechou o primeiro ano de vida com um faturament­o de R$ 220 mil e com meta de atingir R$ 500 mil até abril de 2022, quando completará dois anos.

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VINICIUS PIMENTA Tela Preta. Chap, Guilherme Nakata, Laís e Samuel Aguiar
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