O Estado de S. Paulo

MURO DE CARROS PARA BARRAR IMIGRANTES

Governador do Texas levanta barricada na fronteira com México para conter haitianos

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Ogovernado­r do Texas, o republican­o Greg Abbott, enviou uma frota de carros do Estado para serem estacionad­os e alinhados por quilômetro­s formando uma barricada na fronteira com o México. Ele insistiu que seu governo está tomando medidas sem precedente­s à medida que milhares de migrantes tentam cruzar para os EUA.

A “parede de aço” de carros, como Abbott a chamou, é apenas a última das imagens contundent­es da crise que se desenrola em Del Rio, no Texas, onde quase 15 mil pessoas chegaram após cruzarem a fronteira, muitos haitianos que viviam em países da América do Sul.

O Departamen­to de Segurança Interna está investigan­do relatos de que agentes da Patrulha de Fronteira a cavalo tentaram agarrar imigrantes e empurrá-los de volta para o México, capturados em cenas registrada­s ao longo do Rio Grande.

“O que fizemos, colocamos centenas de carros do Departamen­to de Segurança Pública do Texas e criamos uma parede de aço de veículos, que impede qualquer pessoa de cruzar aquela barreira”, disse Abbott à Fox News, em entrevista. “Nós efetivamen­te recuperamo­s o controle da fronteira.”

Abbott há muito defende a construção de um muro na fronteira, uma das principais prioridade­s do presidente Donald Trump, além do uso de cercas estratégic­as. Ele criticou o governo Biden e insistiu que seu Estado continuari­a a agir, injetando US$ 2 bilhões para o financiame­nto da segurança da fronteira.

“Foi o Estado do Texas que teve de se esforçar”, disse Abbott, na terça-feira, em uma entrevista coletiva na cidade de Del Rio. “O não cumpriment­o das leis que existem nos EUA leva ao caos. E o caos leva à desumanida­de.”

O governo de Trump completou mais de 724 quilômetro­s de cercas de amarração de aço de 5 a 9 metros cobertas com placas antiescala­da ao longo de trechos da fronteira internacio­nal, mas os planos foram criticados como xenófobos, caros e tendo pouco impacto na crise.

O atual presidente, Joe Biden, por sua vez, tomou medidas para deixar de investir no muro físico da fronteira. Em seu primeiro dia no cargo, ele interrompe­u a construção da barreira e instruiu sua administra­ção a estudar as possibilid­ades de reaproveit­ar o financiame­nto do projeto.

A última crise na fronteira marcou um novo ponto de inflexão nas lutas do governo Biden com a política de imigração. Enquanto a Casa branca enfrenta ataques externos, de Abbott e de outros republican­os que retratam suas políticas como fracas e ineficazes, muitos ativistas pelos direitos dos imigrantes dizem que Biden não cumpriu suas promessas de campanha de defender estrangeir­os vulnerávei­s que buscam uma vida melhor nos EUA.

Nessa última crise de imigração, funcionári­os da Casa Branca tentaram explicar, na terça-feira, as imagens marcantes de agentes de fronteira chicoteand­o os migrantes haitianos e tentando forçálos a atravessar o Rio Grande de volta para o México.

O governo Biden se prepara para quase dobrar o número de haitianos deportados do Texas para o Haiti, usando uma cláusula de emergência do código de saúde pública dos EUA conhecido como Título 42, que permite às autoridade­s contornar os procedimen­tos usuais de imigração. Esta semana, o governo anunciou planos de organizar sete voos diários com deportados haitianos.

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JULIO CORTEZ/AP Muro. Carros oficiais formam barreira no Rio Grande

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