O Estado de S. Paulo

Anvisa recolhe lotes vetados da Coronavac

São 42, com 21 milhões de doses da vacina que, segundo a agência, não foram envasados em condições satisfatór­ias

- / M.H.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou o recolhimen­to de todos os lotes de Coronavac que estavam sob interdição cautelar desde o início do mês. A medida foi publicada ontem – e com isso as vacinas suspensas serão retiradas pelo importador e não poderão ser aplicadas no Brasil.

Ao todo, foram suspensos 42 lotes com 21,1 milhões de vacinas. Desses, 25 lotes com 12 milhões de imunizante­s já estavam no País e outros 17, com 9 milhões de vacinas, estão em trâmite para envio. Na semana passada, o Instituto Butantan disse que vai substituir as vacinas interditad­as sem prejuízos ao Brasil.

O Ministério da Saúde ainda não definiu a orientação para quem já tomou doses dos lotes bloqueados.

A decisão foi tomada após a constataçã­o de que os dados apresentad­os pelo laboratóri­o não comprovam a realização do envase desses lotes em condições satisfatór­ias de boas práticas de fabricação. Segundo a Anvisa, foram analisados todos os documentos encaminhad­os pelo Butantan, incluindo os emitidos pela autoridade chinesa.

“Os documentos encaminhad­os consistira­m em Formulário­s de não conformida­des que reforçaram as preocupaçõ­es da agência quanto às práticas assépticas e à rastreabil­idade dos lotes”, explica a Anvisa em nota – acrescenta­ndo que avaliou a documentaç­ão referente à análise de risco e à inspeção remota realizadas pelo Instituto Butantan. A conclusão, segundo informou a agência, é de que “permanecia­m

as incertezas sobre o novo local de fabricação, diante das não conformida­des”.

Além disso, a agência também disse que uma possível inspeção presencial na China “não afastaria as motivações que levaram à interdição cautelar dos lotes, por se tratar de produtos irregulare­s”.

A decisão atinge somente os 42 lotes especifica­dos e não afeta a autorizaçã­o de uso dos demais lotes da Coronavac no Brasil. Em manifestaç­ões anteriores, o Butantan reforçou a qualidade e a segurança das doses interditad­as pela Anvisa.

Algumas dessas vacinas já haviam sido usadas antes da interdição. A maior parte foi aplicada em São Paulo, onde 3,8 milhões de doses nessas condições foram usadas. Em coletiva de imprensa nesta quarta-feira, o secretário Estadual de Saúde, Jean Gorinchtey­n, disse que essas pessoas estão sendo monitorada­s e nenhum efeito adverso grave foi relatado.

Ação interna. Ontem, ocorreu a primeira entrega de doses da Coronavac pelo governo de São Paulo diretament­e a outras unidades da federação. Os Estados do Ceará, do Pará, do Piauí, do Espírito Santo e de Mato Grosso compraram 2,5 milhões de doses da vacina produzida pelo Instituto Butantan. De acordo com Dimas Covas, cada unidade custa US$ 10,30, mesmo valor pago pelo governo federal.

A maior parte da entrega será destinada ao Pará, que ficará com 1 milhão de doses. Espírito Santo e Mato Grosso receberão 500 mil vacinas. Ceará ficará com 300 mil doses e o Piauí, 200 mil. O Pará é um dos Estados com a menor proporção de habitantes adultos vacinados até agora.

 ?? AMANDA PEROBELLI/REUTERS ?? Envio interno. Ontem, SP entregou doses a outros 5 Estados
AMANDA PEROBELLI/REUTERS Envio interno. Ontem, SP entregou doses a outros 5 Estados

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil