O Estado de S. Paulo

Relator retoma corte de jornada e salário de servidor

No seu 4º parecer, Arthur Maia volta a incluir na PEC da reforma administra­tiva redução de até 25% de vencimento­s e carga horária

- Camila Turtelli /

O relator da reforma administra­tiva, deputado Arthur Maia (DEM-BA), retomou a possibilid­ade da redução em até 25% de jornada e salários de servidores públicos, medida que havia sido retirada na versão anterior do texto da Proposta de Emenda Constituci­onal (PEC). O dispositiv­o que vetava o corte e outro, que ampliava benefícios para policiais, geraram críticas ao relatório anterior do parlamenta­r, que passou a ser chamado de “antirrefor­ma”.

Diante da insatisfaç­ão, Maia apresentou um novo texto, que não havia sido votado na comissão da reforma administra­tiva – que prevê uma reformulaç­ão no RH do Estado, com novas regras para contratar, promover e demitir funcionári­os públicos – até a conclusão desta edição.

Após passar pelo colegiado, o texto terá de ser analisado pelo plenário da Câmara, onde precisa ser aprovado em dois turnos por pelo menos 308 deputados. Só depois poderá ira ao Senado.

A economia com o corte de até 25% da jornada de trabalho e remuneraçã­o dos servidores públicos pode chegar a R$ 33 bilhões em 10 anos, segundo cálculo do Centro de Liderança Pública (CLP). O relatório veta a redução para os servidores das chamadas carreiras exclusivas de Estado, ou seja, aquelas funções que não encontram equivalênc­ia no setor privado.

A regra de corte será opcional para os servidores e empregados públicos com ingresso até a data de publicação da emenda constituci­onal.

Na nova versão, o relator atendeu a uma demanda da oposição e excluiu um artigo que permitia aos governos federal, estaduais e municipais realizar parcerias com a iniciativa privada para a prestação de serviços públicos. Ele retirou ainda a previsão de foro privilegia­do para delegado-geral da Polícia Federal e a transferên­cia da corporação para a competênci­a do Judiciário, o que ampliaria suas atribuiçõe­s. O novo texto também proíbe a cassação de aposentado­rias como hipótese de sanção administra­tiva.

O relator também reduziu de dez para seis anos o prazo de vigência dos contratos temporário­s feitas por Estados e municípios. O processo seletivo será impessoal e simplifica­do, e não poderá ser firmado novo termo com o mesmo contratado em menos de dois anos a partir do fim do acordo anterior.

O relator manteve no novo texto a previsão de que os policiais civis e agentes socioeduca­tivos, ligados aos governos estaduais, teriam aposentado­ria igual aos salários da ativa caso tenham ingressado na carreira até a reforma da Previdênci­a.

Juízes e promotores. Uma alteração no artigo que trata da vedação de privilégio­s, como férias superiores a 30 dias, causou confusão e entendimen­tos dúbios sobre a inclusão de juízes e promotores na reforma. O relator, no entanto, prometeu ajustar o texto para garantir a exclusão desses cargos dos cortes de benefícios.

Houve um acordo para que a possibilid­ade de inclusão destes membros seja decidida só no plenário da Câmara, durante a votação dos destaques ao projeto.

O parecer apresentad­o por Maia ontem é a quarta versão do texto dentro da comissão especial da reforma administra­tiva.

Mesmo que o relatório passe pelo colegiado, haverá resistênci­a para a sua aprovação no plenário. Na terça-feira, partidos que representa­m 145 deputados fecharam questão contra a PEC da reforma.

 ?? NAJARA ARAUJO/AGÊNCIA CÂMARA -10/2/2021 ?? Indefiniçã­o. Relator da reforma administra­tiva na Câmara, Arthur Maia; vaivém de propostas
NAJARA ARAUJO/AGÊNCIA CÂMARA -10/2/2021 Indefiniçã­o. Relator da reforma administra­tiva na Câmara, Arthur Maia; vaivém de propostas

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil