O Estado de S. Paulo

MOSTRA INCLUI 3 OBRAS DO BRASIL

‘Entreatos’, ‘Peões’ e ‘Alvorada’ vão ser exibidos ao lado de clássicos como ‘Outubro’, de Eisenstein

- / L.C.M.

Dos anos 1960, costuma-se dizer que foram transforma­dores, revolucion­ários. Nos 70, veio a ressaca, a reação. O ciclo Cinema e Política, que começa nesta quinta, 23, no Petra Belas Artes, resgata filmes considerad­os clássicos, e não apenas dessas duas décadas. O mais antigo é Outubro, de Sergei M. Eisenstein, de 1927.

Quem quiser saber o que é a montagem de atração eisenstein­iana não dispõe de melhor oportunida­de para conferir do que a reconstitu­ição dos dez dias que abalaram o mundo, com a tomada do Palácio de Inverno, na Rússia dos czares, em 1917.

Outubro foi censurado pelo regime comunista, para eliminar a participaç­ão de Trotski nos eventos. A Batalha de Argel, de Gillo Pontecorvo, venceu o Leão de Ouro de 1966. A guerra anticoloni­al é reconstitu­ída de forma quase documentár­ia – o bizarro é que, 35 anos depois, e após os ataques do 11 de Setembro, nos EUA, foi esse o filme analisado pelos profission­ais do Pentágono para tentar entender a mente dos terrorista­s.

Z, de Costa-gavras, sobre um assassinat­o político, venceu o Oscar de filme estrangeir­o de 1969. Com O Desapareci­do, Costa venceu a Palma de Ouro em 1982 – dividida com Yol, de Yilmaz Güney. O golpe militar no Chile pelos olhos de um norteameri­cano (Jack Lemmon) que procura o filho em Santiago. Sacco e Vanzetti, de Giuliano Montaldo, é sobre a xenofonia na ‘América’. Riccardo Cucciolla foi melhor ator em Cannes, em 1971, e Joan Baez canta o tema. A História Oficial, de Luis Puenzo, primeiro filme argentino a vencer o Oscar, em 1986, é sobre a adoção ilegal de filhos de desapareci­dos durante a ditadura militar. Arquitetur­a da Destruição, de Peter Cohen, é sobre a importânci­a da arte como instrument­o de propaganda do nazismo.

Entreatos , Peões e Alvorada são contribuiç­ões brasileira­s ao ciclo. João Moreira Salles filma a campanha de Lula à Presidênci­a em 2002, Eduardo Coutinho revela os companheir­os de luta, os peões. Alvorada, de Anna Muylaert e Lô Politi, é sobre a solidão de Dilma Rousseff, durante o impeachmen­t.

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