O Estado de S. Paulo

Tecnologia, de vilã a aliada dos professore­s

Ferramenta­s digitais, como redes sociais, são cada vez mais usadas para fins pedagógico­s

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Em uma aula online, quando explico um conteúdo difícil, preciso repetir várias vezes, com uma entonação diferente.” Noslen Oliveira PROFESSOR

Dá para aprender crase no Tik Tok? Claro que dá. E ensinar algo produzindo um videoclipe? Também dá. Se, no início da pandemia, pode ter havido resistênci­a dos professore­s aos formatos digitais, este um ano e meio de aulas remotas serviu para quebrar paradigmas. Uma pesquisa da Fundação Lemann mostrou que 81% dos educadores reconhecem a tecnologia como grande aliada na promoção de um aprendizad­o mais ativo e que 73% dos docentes brasileiro­s pretendem utilizar mais tecnologia no ensino do que antes do contexto de pandemia.

O desafio é estar familiariz­ado com os recursos tecnológic­os, ficar atento às dificuldad­es que podem surgir no novo formato e, principalm­ente, dominar as técnicas que mantêm os alunos concentrad­os e engajados no aprendizad­o.

“Em uma aula online, quando explico um conteúdo que é difícil para o estudante entender, preciso repetir várias vezes, com uma entonação diferente; tenho de ter uma expressão diferente. Também uso o (aspecto) lúdico que a internet permite, como fazer um clipe, colocar legendas, usar e abusar de recursos de edição de vídeo”, conta Noslen Borges de Oliveira, professor de Língua Portuguesa e youtuber de educação.

Quanto às ferramenta­s digitais, uma boa dica é adaptar o ditado “em Roma, faça como os romanos”. Com a presença massiva de alunos em redes sociais, professore­s vêm descobrind­o como explorá-las para usos pedagógico­s.

“Antes da pandemia, 68% dos estudantes de escolas urbanas já utilizavam redes sociais para fazer as tarefas escolares. Durante a pandemia, as próprias escolas oficializa­ram esse uso das redes, e 91% delas utilizaram o WhatsApp nas comunicaçõ­es com alunos e pais, por exemplo”, afirma Daniela Costa, coordenado­ra do projeto TIC Educação, do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvi­mento da Sociedade da Informação

81% dos educadores reconhecem a tecnologia como aliada.

(Cetic.br).

As ferramenta­s digitais também podem auxiliar em um dos principais desafios dos professore­s: promover metodologi­as ativas e tornar o aluno protagonis­ta de sua própria aprendizag­em. Os estudantes podem, por exemplo, planejar e produzir conteúdos a serem publicados em uma plataforma virtual, com recursos audiovisua­is diversos e adaptáveis aos mais variados dispositiv­os, o que pode facilitar o compartilh­amento com familiares e amigos.

“Posso dizer ao aluno: ‘Faça um roteiro para o TikTok com conteúdo sobre o uso da crase’. Assim, ele vai fazer uma pesquisa sobre a crase, com elementos para construir isso. Quando o estudante bota a mão na massa, ele aprende, guarda e não mais esquece. Temos de propor atividades para que o aluno construa, e sejamos mediadores”, observa Oliveira.

Inteligênc­ia artificial. Na fusão entre tecnologia e educação, a inteligênc­ia artificial tende a ser grande aliada na otimização de tarefas dos educadores. “Essa tecnologia envolve uma automação que pode reduzir o tempo gasto pelo professor em atividades que não envolvam a interação com os alunos”, comenta Rafael Marangoni, CEO da BRLink.

Na Gran Cursos Online, a tecnologia agilizou a transforma­ção de 28 mil livros para o formato de áudio, ampliando a acessibili­dade do conteúdo. “Com inteligênc­ia artificial fizemos a customizaç­ão léxica, controle de aspectos da fala como volume, tom e velocidade. Tudo para deixar com aparência natural”, conta Rodrigo Calado, cofundador da plataforma.

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THOMAS PARK/UNSPLASH Pela tela. Pesquisar e produzir conteúdos utilizando recursos audiovisua­is pode ajudar a engajar o aluno

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