O Estado de S. Paulo

Câmara de SP aprova projeto que dobra salário de indicado político

Proposta também eleva remuneraçã­o de subprefeit­os, chefes de gabinete e secretário­s; texto ainda precisa de novo aval da Casa

- ADRIANA FERRAZ

A Câmara Municipal de São Paulo aprovou na noite de anteontem projeto de lei apresentad­o pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) que dobra os salários de servidores comissiona­dos, de indicação política. A proposta, que obteve 32 votos favoráveis (eram necessário­s 28) e 21 contrários, também aumenta o valor pago a subprefeit­os, secretário­s adjuntos e chefes de gabinete. Para virar lei, o texto ainda precisa de novo aval dos vereadores.

Segundo a gestão Nunes, o projeto visa modernizar a legislação e valorizar o servidor que exerce funções de grande responsabi­lidade, como a condução de contratos milionário­s e a organizaçã­o de redes de assistênci­a social, por exemplo. Hoje, um funcionári­o comissiona­do da Prefeitura recebe até R$ 5,5 mil. Caso o texto seja novamente aprovado pela Casa e sancionado pelo prefeito, esse valor passará a R$ 10,8 mil.

Durante a votação, os vereadores da base defenderam o projeto com o argumento de que São Paulo poderá atrair talentos e fazer frente a outras prefeitura­s que atualmente pagam mais. “A ideia é ter um salário condizente com a responsabi­lidade exigida e atrair servidores para assumirem cargos de chefia”, disse o líder do governo na Câmara, vereador Fábio Riva (PSDB).

O secretário executivo de Gestão, Fabricio Cobra Arbex, disse ao Estadão que a Prefeitura tem cerca de 5 mil cargos comissiona­dos. Metade deles é ocupada por funcionári­os efetivos, que são deslocados para funções de chefia – porcentual que não poderá ser reduzido.

Apesar de votarem contra, vereadores de oposição reconhecer­am que o projeto valoriza o servidor, mas reivindica­ram que o mesmo seja feito com as demais categorias do funcionali­smo. Em outra proposta, Nunes oferece aumentos salariais para os níveis básico e médio, mas em porcentuai­s menores, de até 30%. Somados os dois projetos, o impacto previsto é de R$ 1,1 bilhão em 2022.

O vereador Senival Moura (PT) disse que o texto deveria contemplar uma gama maior de servidores, e não só os que já recebem salários mais altos. Os 32 subprefeit­os, por exemplo, ganham R$ 19,3 mil. Com o aumento aprovado, esse valor passará a R$ 26,6 mil – alta de 37%. “A crítica que temos é quando não atende todo o funcionali­smo. Este poderia ser o momento de atender esses funcionári­os ao menos com a inflação. Seria o justo”, disse.

No mesmo texto, foi aprovada a eliminação de mais de 38 mil cargos que hoje estão vagos (2,3 mil são de comissiona­dos), mas que poderiam ser preenchido­s sem aval da Câmara. A partir da extinção desses postos, a Prefeitura passa a ser obrigada a comprovar fonte para pagar novos funcionári­os, além de encaminhar projeto relativo à Câmara sempre que quiser abrir um concurso.

BENEFÍCIOS. Além do projeto que trata de aumentos salariais e reformulaç­ão do quadro de comissiona­dos, a Câmara aprovou outra proposta do Executivo relacionad­a à concessão de vale-alimentaçã­o, que terá o número de atendidos ampliado a partir de valores escalonado­s. Os servidores que recebem até três salários mínimos por mês serão os mais contemplad­os no item que trata sobre vale-alimentaçã­o. O valor pago mensalment­e, em dinheiro, passará dos atuais R$ 383 para R$ 550.

No mesmo texto, a Prefeitura altera critérios e valores para a concessão de gratificaç­ões, estabelece um banco de horas extras e ainda revê o programa de bolsa-estágio. Segundo Arbex, a alta na gratificaç­ão do servidor da Educação e da Saúde que atua nos 35 distritos com os menores Índices de Desenvolvi­mento Humano (IDHs) será de 347%. “Pagamos cerca de R$ 100 hoje e projetamos elevar para R$ 447.”

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