O Estado de S. Paulo

Guedes nega que tenha pedido demissão e diz que fica no governo ‘até o fim’

Ao lado de Bolsonaro, ministro da Economia afirma que não queria ‘furar o teto’, mas considera que medida é ‘defensável’

- LORENNA RODRIGUES EDUARDO GAYER BRASÍLIA COLABORARA­M EDUARDO RODRIGUES e THAIS BARCELLOS

Depois de ver a debandada de auxiliares contrários às manobras no teto de gastos para a criação de um novo programa social, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que não pediu demissão e que trabalhará até o fim do governo.

Em entrevista coletiva ontem, depois de muitos rumores de que poderia ser substituíd­o, Guedes afirmou que Bolsonaro também não teria “insinuado” que o demitiria. “Trabalho para um presidente democratic­amente eleito, bem intenciona­do. Estou errado em não pedir demissão porque vão gastar R$ 30 bilhões a mais? Estou fazendo o que de errado? Peço compreensã­o. Vamos trabalhar até o fim do governo.”

O ministro admitiu que não queria “furar o teto”, mas deixou claro que, com a pressão da ala política, não lhe restou outra opção. “A preferênci­a da economia era manter o teto e pedir uma autorizaçã­o para gastar um pouco mais, ali ao lado. Mas, tecnicamen­te, é defensável”, afirmou. “Não vamos deixar as pessoas passarem fome para tirar 10 no fiscal.”

Para demonstrar apoio ao aliado, Bolso na rofo ia té o Ministério da Economia ontem. Conversara­m brevemente e, em seguida, o presidente desceu até o auditório da pasta, onde falou ao lado de Guedes. Bolsonaro disse que o ministro entende “as aflições que o governo passa” eque tem confiança absoluta nele. “Nós nos entendemos muito bem.”

Guedes minimizou a saída de seus secretário­s. Ele os chamou de “jovens” e disse que escolheu alguém mais “sênior” para o cargo–seu atual assessore ex-ministro do Planejamen­to Esteves Colnago.

A debandada dos técnicos se deu por discordare­m da solução encontrada para viabilizar o Auxílio Brasil de R$ 400. Para financiar o programa, que substituir­á o Bolsa Família, será mudado o período de correção do limite, que hoje é pela inflação acumulada até junho do ano anterior, para a variação de janeiro a dezembro. Isso abrirá R$ 40 bilhões a mais de espaço para gastos no ano que vem, quando Bolsonaro tentará se reeleger.

Guedes disse que é “natural” que a política queira “furar o teto e gastar mais”, mas que está de olhos nos limites. “O auxílio de R$ 400 não é uma falta de compromiss­o, é coisa muito ponderada. A ala política estava pedindo muito mais, estava pedindo R$ 600.” •

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Bolsonaro e Guedes: ‘Nós nos damos muito bem’, diz o presidente

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