‘O vírus da covid-19 não é bobo’, diz especialista
Ana Maria Malik
Especialista em gestão, coordenadora do Fgv-saúde
Médica e especialista em gestão de saúde, Ana Maria Malik, coordenadora do Fgv-saúde, está otimista. Ela reconhece a gravidade da onda de Ômicron e o impacto que ela provoca no sistema de saúde, mas acredita que, além de vacinados, estamos mais bem preparados para enfrentar a nova variante. Alerta ainda que a chance de surgirem novas variantes seguirá alta enquanto a vacinação não ocorrer em todos os países. “O vírus não é bobo.”
Quais são as principais diferenças entre as ondas de variantes anteriores e a atual, de Ômicron?
São duas grandes diferenças. Agora, a população está vacinada. Não toda, mas muita gente. E agora os médicos já sabem o que fazer com os pacientes.
Em 2021, vimos o colapso do sistema de saúde em vários lugares. Acha que isso pode se repetir?
O colapso foi decorrente do fato de que houve muita necessidade de terapia intensiva. Dessa vez, embora haja mais casos, e a convivência com a influenza, a necessidade de terapia intensiva é menor para tratar os pacientes. Estamos vivendo essa onda da Ômicron com pelo menos algum knowhow prévio sobre como enfrentar uma crise sanitária dessas proporções.
Há menos internações, mas as emergências estão lotadas. Qual o impacto disso? Essas pessoas todas precisavam ir ao hospital?
As pessoas se sentem seguras indo para os serviços de emergência porque estão no hospital, acham que ali há toda a infraestrutura necessária para atendê-las. Quando discutimos planejamento de unidades de emergência, nós levamos sempre em conta que existe a urgência do ponto de vista da saúde e a urgência do ponto de vista do cidadão.
Alguns especialistas acham que a Ômicron pode ser a derradeira variante, apontando para o fim da pandemia, por conta de sua alta transmissibilidade. A senhora concorda?
Acho que é uma análise otimista, apropriada para o momento. Mas só queria lembrar que influenza tem todo ano. Então, provavelmente, teremos algum corona todos os anos também, mas com consequências menos graves do que em 2020 e 2021. Mas enquanto não houver disponibilidade real de vacina para o mundo todo, o risco do surgimento de novas variantes não é pequeno. O vírus não é bobo.