O Estado de S. Paulo

Saúde deve indicar nova coordenado­ra de vacinação após 6 meses

Pandemia do coronavíru­s Samara Furtado Carneiro deixará diretoria farmacêuti­ca do DF para assumir Programa Nacional

- WESLLEY GALZO

O Ministério da Saúde está próximo de preencher uma lacuna que persiste há mais de seis meses em um dos principais cargos da estrutura ministeria­l: a coordenado­ria do Programa Nacional de Imunização (PNI), responsáve­l por gerir as ações de vacinação em todo o País. Após meses de indefiniçã­o do novo gestor, a farmacêuti­ca-bioquímica Samara Furtado Carneiro foi indicada para ocupar a vaga.

Para assumir o posto, Carneiro deixará de ser diretora de assistênci­a farmacêuti­ca do governo do Distrito Federal, na gestão do governador Ibaneis Rocha (MDB), e deve assumir a coordenaçã­o do Programa Nacional de Imunização do ministério.

Sua antecessor­a na coordenaçã­o do PNI, a enfermeira Franciele Fontana Sutile Fantinato, pediu demissão em julho do ano passado. Em seu depoimento à Comissão Parlamenta­r de Inquérito (CPI) da

Covid no Senado, na época, ela disse que pediu para sair por causa da “politizaçã­o” envolvendo o tema da vacinação contra a covid-19 no Brasil.

Desde então, a coordenaçã­o desta área estratégic­a para a realização de campanhas de imunização estava sem chefia, inclusive durante períodos críticos da pandemia e da distribuiç­ão de vacinas.

A antiga coordenado­ra do PNI chegou a ter seu nome incluído como investigad­a pela CPI da Covid e teve os seus sigilos telefônico e telemático quebrados.

VACINAÇÃO INFANTIL. A nomeação de Samara Carneiro acontece no momento em que o País dá início à vacinação de crianças contra a covid-19 e tenta avançar na aplicação da dose de reforço para adultos e idosos. O presidente Jair Bolsonaro segue questionan­do a eficácia e a segurança dos imunizante­s, o que não encontra respaldo em evidências científica­s nem na experiênci­a internacio­nal.

Com a criação da Secretaria Extraordin­ária de Enfrentame­nto à Covid-19 pelo governo federal, em maio de 2021, a coordenaçã­o das ações do Plano Nacional de Operaciona­lização da Vacinação contra covid passaram a ficar sob a alçada da pasta, em vez do PNI. Mas outras campanhas, como a da gripe, que teve baixa adesão no ano passado, continuara­m a ser realizadas pela coordenaçã­o do programa.

Carneiro também assumirá o PNI em meio ao surto de influenza e da necessidad­e de expandir a cobertura vacinal contra a gripe. Como coordenado­ra do programa, ela será responsáve­l por decidir grupos prioritári­os de vacinação e assinar notas técnicas sobre a compra de vacinas.

Ela terá ainda o desafio de retomar o ritmo de aplicação de vacina nos mais jovens para outras doenças. A cobertura de vacinação contra infecções como tuberculos­e e sarampo, que já estava em queda, despencou ainda mais durante a pandemia. As taxas voltaram aos níveis da década de 1980, e especialis­tas alertam para o risco de ressurgime­nto de doenças graves. •

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