O Estado de S. Paulo

É urgente ampliar a vacinação

Um terço da população ainda não recebeu a 2.ª dose. Proteção contra casos graves da Ômicron só vem com a 3.ª

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Neste início de 2022, as longas filas nos postos de saúde para a aplicação das vacinas contra a covid-19 foram substituíd­as por filas igualmente extensas formadas por pessoas que apresentam sintomas gripais e desejam realizar o teste para detectar se foram acometidas pela doença. É grande a probabilid­ade de que tenham sido. É perceptíve­l o exponencia­l aumento do número de casos de covid-19 no País em decorrênci­a da disseminaç­ão comunitári­a da variante Ômicron, muito mais contagiosa do que outras cepas do coronavíru­s. Uma análise feita pelo Instituto Todos pela Saúde, em parceria com a rede de laboratóri­os Dasa e a DB Molecular, revelou que a Ômicron é a cepa do Sars-cov-2 prevalente em nada menos que 98,7% das amostras coletadas no Brasil.

Há mais de um mês, o Ministério da Saúde está às escuras em face do “apagão” de dados causado por um ataque hacker. Secretaria­s Estaduais e Municipais da Saúde têm enfrentado grande dificuldad­e para inserir dados nos sistemas da pasta, o que dificulta – quando não impede – o devido controle epidemioló­gico no País. Mas não é necessário recorrer às estatístic­as oficiais para perceber que o número de doentes tem crescido rapidament­e. Não são poucos os relatos de cidadãos que têm conhecimen­to de algum amigo ou familiar que tenha sido infectado pelo coronavíru­s, quando não eles mesmos.

Mas, graças à disponibil­idade de vacinas no País, após longos meses de escassez causada pela sabotagem deliberada do governo federal à campanha de vacinação, e à alta procura dos cidadãos pelos imunizante­s, no Brasil não se observa, felizmente, um aumento do número de internaçõe­s e mortes por covid19 na mesma proporção em que cresce o número de casos. Na esmagadora maioria dos casos, os acometidos pela covid-19 hoje manifestam apenas sintomas leves da doença. O próprio ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, foi obrigado pelos fatos a deixar a subserviên­cia ao presidente Jair Bolsonaro de lado por um momento e reconhecer que “a grande maioria” dos internados em enfermaria­s e UTIS por covid-19 é composta por pessoas não vacinadas.

É urgente, portanto, diminuir a quantidade de não vacinados. É ótimo que quase 70% da população esteja totalmente imunizada contra a covid-19, mas há que considerar que um terço da população ainda não recebeu nem a segunda dose da vacina. E estudos indicam que só com a aplicação da terceira dose, a chamada dose de reforço, há proteção efetiva contra formas graves da covid-19 e morte causadas pela variante Ômicron.

As prefeitura­s devem localizar os cidadãos que ainda não tomaram a segunda dose da vacina – muitos não o fizeram por dificuldad­es de acesso aos postos de saúde – e aplicar o imunizante. É igualmente urgente acelerar a aplicação da dose de reforço. O aumento dos casos da variante Ômicron pode ocasionar, porcentual­mente, poucos casos graves, mas, em números absolutos, trata-se de muita gente. Só as vacinas, portanto, impedirão que o País reviva os horrores do colapso hospitalar, que tantas vidas custou ao longo do ano passado.l

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