O Estado de S. Paulo

A ação rápida da agente que evitou tragédia em MG

Ouro Preto Alertada por motorista de ônibus, profission­al da Defesa Civil isolou área onde, minutos depois, morro deslizou

- PATRÍCIA RENNÓ

A agente da Defesa Civil Paloma do Carmo Magalhães, 34 anos, teve um papel fundamenta­l para que o desmoronam­ento que destruiu imóveis históricos no Morro da Forca, em Ouro Preto (MG), não se transforma­sse em uma tragédia na quinta-feira, 13. A ação rápida impediu que a terra e rochas desmoronas­sem em cima de carros, ônibus e moradores que passam diariament­e na via atingida.

Formada em engenharia de minas, a profission­al está na Defesa Civil de Ouro Preto há três anos e foi a primeira pessoa a identifica­r os sinais técnicos de que poderia ocorrer um desmoronam­ento. Sozinha, ela fez o isolamento inicial, desviando cerca de 50 veículos que passavam na via no momento.

“A sensação é de gratidão e agradecime­nto a Deus por eu ter tido a proativida­de de chegar lá e orientar a população” ressalta Paloma.

A agente mora em Mariana (MG), a 12 km de Ouro Preto. Ela diz que estava indo para o trabalho na viatura da Defesa Civil, na manhã de quinta-feira, quando foi abordada por um motorista de ônibus, que lhe disse que havia ocorrido um pequeno deslizamen­to no morro. Ao chegar no local, Paloma constatou o perigo.

RUPTURA IMINENTE.

“Fiz uma análise visual da encosta e tinha uma fissura em formato de cunha e indícios de ruptura iminente. Imediatame­nte, isolei o local e em seguida meus colegas ajudaram a evacuar toda a área. Isolamos outros pontos e retiramos as pessoas que estavam em um hotel e comércios”, conta.

O incidente ocorreu poucos minutos após o fechamento da área, destruindo um casarão século 19 – o Solar Baeta Neves – e um galpão, no centro histórico da cidade. Não houve feridos.

“Primeiro foi a mão de Deus, que colocou o motorista na minha frente, e foi esse anjo da guarda que me levou lá, e eu fui um instrument­o que ajudou a salvar vidas, que é o nosso

Mais de 250 pessoas foram removidas de suas casas na cidade devido a riscos em encostas

trabalho. Deitar no travesseir­o e saber que pude ajudar é muito gratifican­te, não tem dinheiro algum que pague isso. Sou feliz em trabalhar aqui”, completou Paloma.

OUTRO SALVAMENTO.

Além do caso do desmoronam­ento, Paloma conta que passou por uma situação parecida no último dia 7 de janeiro, quando impediu que uma família fosse soterrada após um outro deslizamen­to de terra, no bairro Santa Cruz, em Ouro Preto.

“Cheguei na Defesa Civil e fui direcionad­a para uma casa no bairro Santa Cruz. No local, constatei que havia problemas e solicitei que as pessoas deixassem a casa. Eles foram muito resistente­s em sair do imóvel, mas saíram e, em torno de 20 minutos depois, a casa desabou”, contou.

Segundo a Defesa Civil, nos últimos quatro dias foram registrada­s em Ouro Preto mais de 400 ocorrência­s. Devido às chuvas recorrente­s e aos riscos nas encostas do município, entre os dias 8 a 14 de janeiro mais de 250 pessoas foram removidas de seus imóveis e direcionad­as para casa de parentes, amigos ou locais de abrigo direcionad­os pela Defesa Social.

De acordo com a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros, a área do desabament­o ocorrido na região central ainda oferece riscos e permanecer­á isolada. •

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ACERVO PESSOAL Paloma identifico­u sinais de que haveria deslizamen­to assim que chegou ao morro e isolou a área

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