O Estado de S. Paulo

Construção civil perde fôlego e deve crescer só 2% este ano

- CIRCE BONATELLI

Um dos motores da recuperaçã­o da economia brasileira no ano passado, a construção civil está perdendo fôlego. O Produto Interno Bruto (PIB) da Construção deve crescer 2% em 2022, o que representa uma desacelera­ção perante 2021, quando subiu 8%.

A projeção foi divulgada na quinta-feira, em parceria entre a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e o Sindicato da Indústria da Construção de São Paulo (Sinduscon-sp), e vai na mesma linha da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), que também espera alta de 2% para o PIB setorial neste ano.

As duas entidades trabalham com previsão de abertura de 110 mil vagas de emprego no ramo em 2022, ante 246 mil, em 2021, e 98 mil, em 2020.

Após recordes de vendas e lançamento­s de imóveis residencia­is nos últimos dois anos, o setor passa por um momento turbulento. Os juros e a inflação subiram de modo expressivo e agora inibem novos negócios.

Um ano atrás era possível contratar um financiame­nto de R$ 200 mil para compra da casa própria com juros de 6,25% ao ano. Isso exigia das famílias renda mínima de R$ 5,2 mil e gerava uma parcela de R$ 1,5 mil. Hoje, o mesmo empréstimo tem taxa de 9% ao ano, o que demanda renda de R$ 6,6 mil (27% maior) e parcela de R$ 2 mil (33% maior), segundo cálculos do Sinduscon/fgv.

“A decisão de se comprar um imóvel está relacionad­a ao poder de compra e à percepção de riscos e incertezas”, disse a coordenado­ra de estudos da construção da FGV Ana Maria Castelo: “E o aumento das taxas de juros certamente vai ter um impacto nas contrataçõ­es.” •

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